segunda-feira, 18 de junho de 2012

Quando o futebol prodigaliza afetos...


Era dia de futebol.
Ao chegar a casa, deparei-me com festa nas proximidades, em local inusitado... Seguramente, mais de uma dúzia de pessoas sentadas à mesa, vozes alegres, crianças brincando, bandeiras da Lusofonia desfraldadas – Cabo Verde, Brasil e Portugal – lado a lado, unidas.
Torcia-se (sofria-se) por Portugal: quer sendo país natal quer país de acolhimento… Sensibilizou-me! Avistei gente conhecida. Aproximei-me. “Para um brasileiro «quantos mais, mais…»” (Fui bem acolhida.)
Reuniam-se ali várias famílias (parte delas, multiculturais), seus vizinhos e amigos, gente que por cá reside e resiste. Talvez fossem todos migrantes, até mesmo os portugueses! Como eu, inclusive.
Uma grande televisão ligada era o centro das atenções.
Emoção. (Maior entre os que se sentaram na 1ª fila; menos acentuada entre os conversadores da linha intermédia ou ainda entre o grupo das mães, lá atrás.)
Uma única voz discordante apoiava a equipa adversária, com assumida simpatia pela Holanda – e certamente também com desejo de espicaçar o nervosismo alheio, em jogo decisivo…
Cada golo (dos nossos) prodigalizou brados de alegria, palmas. Beijos, abraços, famílias enlaçadas. A vitória fez redobrar carinhos e manifestações de alegria, cada qual sentindo-a muito sua.
Comemoração à mesa. Sabores de aquém e além–mar. Chouriço assado na brasa, salgadinhos, salada; arroz, farinha de mandioca, em receita saborosa; pastéis de nata...
Por fim, arrumação e limpeza, com grande ligeireza e espírito de cooperação. O pátio rapidamente ficou “como novo”.
Era dia de aniversário, domingo, por sinal dia de futebol. 
Duplo pretexto para festejar, animadamente.
Data duplamente memorável.


segunda-feira, 11 de junho de 2012

Reencontro, na Escola Conde de Ferreira

Estava prometido.
Os meninos iriam fazer, na sua sala, anonimamente e por escrito, a avaliação do Ler a Meias... e eu iria à escola, esta semana, buscá-la. 
Deste modo, também eles poderiam levar as suas fitas de "finalistas" para que eu lhes escrevesse uma dedicatória... (Alguém se lembrou de me dar uma fita a assinar e depois todos queriam o mesmo, só que nem todos a tinham levado consigo, no último dia...)
Celebramos assim certas etapas marcantes da vida escolar dos pequenitos, em solene ambiente de festa... Tal acontece, em regra, em momentos de mudança de ciclo de estudos e de estabelecimento de ensino: tempos de adaptação a novas situações que geram uma pontinha de desconforto... (ainda assim, menor do que o de ser retido...) 
Alguns rituais dos finalistas propriamente ditos foram sendo encenados... e, aos poucos, a tradição ganhou raízes, desde o Pré-Escolar! Ora os meninos da Conde de Ferreira vão transitar do 1º para o 2º ciclo (do 4º para o 5º ano), já fizeram as provas... e vivem este momento de despedida muito a sério!... 
Entre nós, tudo se passou tal e qual fora previsto.
A avaliação estava pronta: cumpriram a sua parte! E eu, a minha: escrevi, escrevi... assinei, assinei... (Nem todos se lembraram de levar a fita...; só que, desta vez, não prometi voltar...)
Fiz mais. 
Era grande, hoje, a azáfama. Assisti ao ensaio de uma peça de teatro, para a festa (na 4a feira). Que nervosos, todos! (Como vos entendo!!!)

Foi assim que acabei por presenciar a última aula de Desenvolvimento Pessoal e Criatividade, ministrada pela minha ex-aluna e amiga Joana Sabala. Foi assim que pude ver os belos trabalhos plásticos que criaram (autorretrato, heterorretrato, continuidade, etc, feitos de olhos fechados e abertos..., com diferentes técnicas e materiais)... E pude ouvir as elogiosas apreciações que teceram à sua professora e às atividades realizadas, generosamente e com sentido crítico. 
Ensinei-lhes uma palavra nova: inolvidável... (para não repetirem, sempre e só, inesquecível)!
Quanto à minha avaliação, sinto-me muito feliz com o resultado. 
1) Todos gostaram do Ler a Meias... porque:
- foi divertido; 
- a professora lê bem, 
- gostaram de ler (também)...
- "É linda."... 
2) Lembram-se de livros:
- Bartolomeu Marinheiro; 
- Os três bandidos;
- Os burros; 
- O quadro roubado... 
  Lembram-se de situações: 
- recriação das Janeiras; 
- realização de uma Assembleia; 
- oficina de desenho; 
- ver/rever as fotos de todas as sessões...
3) Um único aluno (-a) diz que não passou a gostar mais de ler (por uma razão de peso!): «Não - porque já gostava de ler.»
Os restantes afirmam, sem exceção:
Sim! Sim! Sim! :-) :-) :-)
E justificam:
- "Sim, ajudou-me a gostar mais dos livros."
- "Sim, antes não gostava de ler, mas agora gosto."
- "Sim, eu agora gosto muito mais de ler."
- "Sim, ajudou-me a perceber melhor as histórias"; 
- "Sim, graças à professora, eu agora leio com graça e piada."
- "Sim. E ajudou a divertirmo-nos com os livros."
- "Ajudou-me a comprender o amor aos livros". 
E por aí fora... Uma avaliação em tudo idêntica à que foi feita pelos meninos da outra turma, no dia da última sessão.
Eu também gostei muito! Se tudo correr bem..., até para o ano!...
Boas leituras! Boas férias!


domingo, 10 de junho de 2012

Surpresa... e dúvidas...

Andamos por aí, semidistraídos, máquina fotográfica à mão de semear... Quando menos se espera, há algo surpreendente a atrair-nos o olhar e a convidar a disparar...
Foi assim ontem.
Sete papagaios voavam paralelos e alinhados, ao sabor do vento, colorindo o céu e prendendo a atenção de quem passava no paredão da Caparica. Eram  como sete velozes avionetas participando em festival aéreo, com suas longas caudas de fumo de outras tantas cores... Um arco-íris em movimento, manejado com perícia, longamente, ora rodopiando ora voando para o alto em flecha e de súbito descendo vertiginosamente, sem se despenhar...
Era adulto, o piloto. Crianças à sua volta não se viam... (Talvez existisse apenas uma, dentro de si...)
Seria vendedor? 
Estaria a fazer uma demonstração do produto que pretendia vender? 
Observar-nos-ia?
Viria a seguir contactar quem olhava incessantemente para aquele espetáculo inesperado? 
Pediria algo em troca do serviço... ou das fotografias?...
Tudo isso veio à mente... com inesperada desconfiança. (Sinais dos tempos...)
Já não acreditamos em "almoços grátis". Mas afinal sim, ainda os há!
Uma simples diversão... sem contrapartidas.
Belo, simplesmente!...


terça-feira, 5 de junho de 2012

Despedidas, no "Ler a Meias..."


 Desde 25 de novembro, estivemos juntos de quinze em quinze dias, na biblioteca da escola Feliciano Oleiro... Agora o ano chega ao fim. 
Neste último encontro, viram-se fotografias das sessões todas, visitou-se o Quarto Crescente (onde tudo pode ser recordado), escreveu-se coletivamente um comentário... 
(O videoprojetor funcionou. A professora Mafalda Rodrigues deu o apoio necessário.) 
Os meninos lembravam-se de tudo: sabiam pormenores das histórias, recordavam-se de episódios vividos, gostavam de se ver... e observavam como cresceram!...
Ainda arranjámos tempo para ler um livro!!!...
Quem diria que o ano acabaria com a leitura de O Princípio, de Paula Carballeira, uma história que decorre no pós-guerra, com as cores da destruição e miséria? (A que propósito?!)
Há momentos assim na vida, em que tudo é (ou parece ser) muito negro... E, afinal, "estamos vivos, o que é uma festa": tudo se pode recompor! (Não podemos cruzar os braços!)
São assim os momentos de transição da nossa vida: assustam-nos as mudanças, desgostam-nos as despedidas... mas temos de seguir em frente, valorizando as coisas boas... (Acertei. Os meninos pressentem saudades..., receiam a mudança de escola...)
- Acharam a história triste? - perguntei.
- Sim..., mas tem esperança!... (Certeira e linda resposta!)
Foi dia de despedidas, logo, dia de avaliação. 
Ainda não tenho tudo em meu poder...
Para já, recebi as avaliações do 4ºA da Feliciano Oleiro, com muitos desenhos  lindos e com simpáticas mensagens no verso... E tive a oferta de um livro feito pelo 4ºA da escola Conde de Ferreira, reunindo uma página de cada aluno, com maravilhosos textos e ilustrações que me dedicaram...
Tanto basta para me sentir vaidosa e comovida! (Acreditem!...)


Todos já sabem, mas repito: gostei muito de estar convosco! Espero que possamos continuar alguma atividade no 2º Ciclo... 
Há esperança! As professoras bibliotecárias da escola Anselmo de Andrade ali se encontravam, unidas, à despedida, simpaticamente, afirmando a sua vontade de tratar disso...
Querem ver a prendinha que me deram? Uma linda bolachinha com o logotipo do Ler a Meias...! 
Gostei tanto! (Conseguirei comê-la?... Difícil!)
Sabem? A grande artista-pasteleira que a fez trabalha na biblioteca da Anselmo de Andrade! 
PARABÉNS! 

E quanto aos meus retratos, desenhos e mensagens... vejam só alguns!...








sábado, 2 de junho de 2012

Ler a meias... entre crianças...

De novo, uma ida a Casal de Bolinhos. Desta vez, festejando o "Dia da criança".
Com o 1º ano, começámos por A Cegonha, de Luísa Ducla Soares (do livro Arca de Noé):  
Olha a cegonha
na chaminé
Dizem que trouxe
o meu bebé. (...)
E da barriga
da minha mãe
veio o bebé
que a gente tem.
Puseram-se "os pontos nos is". Os meninos não sabiam... que dantes se dizia às crianças que os bebés vinham de Paris, trazidos no bico de uma cegonha! Novidade!... 
A seguir, havia dois livros à escolha. Decidir pelo título não foi fácil, foi mesmo difícil!!!...   Pronto, lemos Quando eu nasci, de Isabel Minhós Martins.  E os meninos divertiram-se a valer enquanto foram seguindo as descobertas que os bebés fazem, com os seus cinco sentidos, à medida que crescem... Apreenderam a mensagem final: 
Todos os dias descubro sempre mais um bocadinho. E isso é a coisa mais fantástica que há.
Queriam mais!!! 
Então, espreitámos A família dos macacos, de Rita Taborda Duarte. Lemos só as primeiras páginas... E o que irá agora acontecer? - perguntei. 
A imaginação foi fértil, as resoluções severas... (Tenho de lhes ler o resto, da próxima vez. Prometido!)
Tinham uma prendinha para me dar à despedida: um marcador. Os meninos são sensíveis aos papelitos com que assinalo as páginas... e o André frisou:
- Agora já não precisas de usar esses papéis... 
- Sim!..
Fizeram questão que eu visse as suas assinaturas no marcador. Muito bonito!
Saíram sem pressa, mas tinha de ser! 

Era a vez do 2º ano.

Também estes meninos, mal chegaram, me deram um marcador, assinado por todos... 
- Faz-me falta! Obrigada! Gostei muito!... - E logo li os seus nomes, um a um. Estavam felizes e orgulhosos.

- Vamos ler A princesa baixinha? - perguntaram logo em seguida.
- Sim! (Nem se esqueceram eles nem eu...)
Começámos imediatamente.
Imaginem uma Princesa pequenina que, com conhecimento da Rainha Avó, parte por esse mundo fora, atravessa desertos, montanhas e bosques e faz grandes feitos! A quem todos aplaudem: Viva a princesa! Grande princesa!...

Foi diversão e encantamento.
Para mais, a seguir, com a minha ajuda, os meninos improvisaram um teatro, com fantoches de dedo... Começaram a medo, envergonhados... e acabaram com grande à vontade, extravasando a alegria e entusiasmo que a sessão lhes despertou.
Que prazer trabalhar com estes meninos e com as suas professoras!
...Obrigada!...
Até breve!


Poderão visitar o blogue de Casal de Bolinhos


sexta-feira, 1 de junho de 2012

"Carta aos meus netos"

I - Música...





II - Música e poesia...


Será melhor nascer e crescer... ou desnascer?
Manuel António Pina: A Ana quer