quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Pagar mais imposto é muito bom...


O meu amigo Carlos Aboim de Brito, nos intervalos das suas profissionais traduções, anda a ler Os senhores de Gonçalo M. Tavares. 
Como mensagem de Boas Festas, transcreveu um excerto de O senhor Kraus. ("Premonitório" - afirmava ele na sua mensagem.)
Agradeço-lhe a divulgação que me aguçou a vontade de ler o livro... E vou partilhá-lo aqui e agora. 
Porquê? É simples!
Vamos entrar no Novo Ano e é preciso que o façamos com alegria, cientes que teremos uma vida mais cara e sabendo que deveremos pagar ainda mais e mais, muito mais impostos...
Muito importante sobretudo para nós que decidimos por cá permanecer...


«Pagar mais imposto é muito bom,
para quem paga mais impostos

    - A questão é simples: os impostos servem para melhorar
a vida do país. Certo?  
    - Certo.
    - Portanto...
    - Portanto: quanto mais impostos um indivíduo pagar, 
mais o país melhora a sua qualidade de vida. 
    - Ou seja...
    - Ou seja: quanto menos dinheiro cada pessoa tiver por
 mês para viver - pelo facto de pagar mais impostos - mais dinheiro 
tem o país, no geral. 
(...)
    - Portanto, se o nosso objectivo patriótico é melhorar a qualidade
de vida do país, o que temos a fazer é...   
    - Piorar a qualidade de vida de cada cidadão!
    - Aí está!»

O Senhor Kraus, Gonçalo M. Tavares (2005)

domingo, 11 de dezembro de 2011

À chuva: música e fotografia...

Fotografia a Preto&Branco e uma suave melodia composta por Erik Satie, "Debaixo da chuva", ligam-se neste vídeo...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ler a Meias..., em vésperas de férias de Natal

Quinze dias volvidos, voltei hoje à EB1 Feliciano Oleiro. O tema incontornável foi o Natal. 
Começámos por um "jogo das diferenças", comparando ilustrações do Pai Natal de Abigail Ascenso, Fátima Afonso, João Caetano, Sandra Serra... e Alain Corbel. Que diferença!
Depois falámos da origem da figura do Pai Natal e do significado do presépio... Vimos também ilustrações do Menino Jesus de Danuta Wojciechowska e de Júlio Resende.
A propósito de prendas: em Os três presentes de Álvaro Magalhães, os rapazes oferecem Silêncio, Amor e Alegria a um amigo doente. Os meninos de ambas as turmas pensaram nisso e acrescentaram outras sugestões: os seus textos e desenhos..., 
companhia, miminhos, abraços, beijinhos, sorrisos, felicidade... 


Florinda e o pai Natal, o último livro de Matilde Rosa Araújo, foi lido ao 4ºA da professora Lídia. Este encontro de uma menina de escola com um vendedor ambulante, vestido de Pai Natal, deu para conversar sobre gente que ganha algum dinheiro assim... mas não são "o Pai Natal verdadeiro". (Até se comparou a diferença de significado ao dizer "o" ou "um"! Tudo muda com um simples artigo!)
O 4ºA da professora Isaura escolheu entre este conto e Um homem não chora, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Optaram por este último e não se arrependeram: gostaram muito do suspense, das dificuldades que João Bicudo venceu e do final feliz da história. Uns homens mal encarados ajudaram-no: claro, "quem vê caras, não vê corações" (abaixo a xenofobia!).
Falta contar que os meninos completaram os seus "Apontamentos" (textos e ilustrações, reunidos num livrinho) e leram-nos, muito orgulhosos. Com razão!
Fez-se a avaliação periódica: o Ler a Meias... agrada; portanto, é para continuar!


As estantes da biblioteca, desta vez, estavam cheias: a Feira do Livro da Escola está a decorrer. 
A professora Mafalda, Bibliotecária, não teve mãos a medir!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Livro da vida? Não?!...

Imagem da NET

Desafiaram-me (a mim e não só) para ser fotografada falando do livro da minha vida. Um projeto muito interessante e ambicioso, em jeito de trabalho final de um curso de fotografia... 
Sonhos e persistência não faltam à minha amiga e (experiente) fotógrafa!
O desafio era para mim irrecusável. 
Dificuldades, havia só uma..., imperiosa e suficiente para me impedir de participar: "Livro da vida? Não tenho!"... 
Comprometi-me a procurar algum livro que, de algum modo, em um qualquer momento da vida, tivesse sido para mim essencial... E a minha resposta nada tinha de vago: "Não, não e não"... e permanecia imperturbável, apesar do prazo que se ia esgotando...
...Literatura Portuguesa? Lusófona? Europeia? Daqui ou de Além-Mar?... Poderia ser Literatura Infantil? Os meus lidos e relidos Contos de fadas?... ou a coleção da Condessa de Ségur? (Hei de reler estes últimos para tentar perceber por que gostava eu tanto deles!) 
Enfim, o relógio avançava e nem o pânico da última hora me resolvia a situação. 
Depois, aconteceu... Uma vez, outra vez... Fiquei atenta.
Concluí:
Em momentos do quotidiano, reais ou relembrados, recordo poemas; mais precisamente, frases. Palavras. Lembro-me de livros e leituras que partilhei algum dia com alguém, algures... 
São geralmente versos que me ficaram gravados com a força de provérbios... Assomam ao consciente em certas ocasiões, sem pré-aviso e, por seu lado, transportam memórias de vida. Às vezes sei-lhes a música de cor e esses versos saem inteiros e límpidos; outras vezes, reproduzo a sua mensagem e, de passagem, corrompo-lhes a letra... 
Continuava sem saber qual o livro, mas tinha já "terra à vista" no horizonte.
A partir de então, foi fácil improvisar o "livro da vida" . Dos versos se refazem poemas (pesquisando-os rapidamente no Google ou indo à estante - os livros agradecem)... e uma Antologia Poética pessoal constrói-se. O tempo era já pouco; a recolha ficaria inevitavelmente inacabada, mas ainda assim deu lugar à respetiva impressão, prontíssima para usar à hora marcada.
A sessão fotográfica foi recheada de cliques e de palavras. Versos ditos ou lidos. Pedaços de poemas ou de prosa poética associados, de facto, à forma como sinto o palpitar da vida.  
A fotógrafa, por detrás da lente que se interpunha entre nós, devotava-se ao retrato e também à poesia. (Parecia.)
Um tempo repleto de prazer e partilha de Literatura; poesia com uma pitadinha de filosofia, dando voz aos meus Poetas...  
Um momento "inspirador", segundo a minha amiga. Intenso e inesquecível para mim...

«Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço.
..»

«A vida é feita de nadas»

«Quando eu nasci, (...)
Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe…»

«Eu sei que te traí, mãe. (...)
Boa noite.  Eu vou com as aves

«E tudo era possível. Era só querer.»


«Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!»

«São de nada tempestades
Ante a falta que me fazes»

«Quero de ti o que for simples
um aceno um postal
o teu nome numa concha
...»

«O sonho comanda a vida»

«Partimos. Vamos. Somos»

«Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!»

«Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio»

«enquanto um de nós estiver vivo seremos
sempre cinco»

«Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar


«Em qualquer aventura
O que importa é partir, não é chegar


António Gedeão
David Mourão-Ferreira
Eugénio de Andrade
José Luís Peixoto
José Régio
Miguel Torga
Ruy Belo
Sebastião da Gama
Sophia de Mello Breyner
Vasco Gato
E ainda Almada Negreiros (A flor). 
Antoine de Saint-Exupéry (O Principezinho)...

Fotos no Canto dos Leitores de Maria Teresa Teixeira.