domingo, 1 de abril de 2012

Transformers... e Julieta transformada...

Há dias assim, estimulantes, cheios de agradáveis imprevistos... Como ontem.
Certo, certo, era o almoço romeno. E também um ensaio teatral a que poderíamos assistir.

Bom programa. Fomos!


Primeiro, à mesa: um caldo com carne e legumes cortados em pedacinhos. Depois da sopa, salsichas e rolinhos de couve lombarda, envolvendo arroz e carne picada. Ligeiramente picante, saboroso! Um preço transparente, justamente resultante da divisão custo total/nº de convivas. Apetecível!
Chuva anunciada, mas suspensa...
Venham comigo e tomem assento, à volta da figueira. 
Imponente, selvagem, mágica... 
Escutem!
Primeiro, os Transformers. Um grupo de jovens portugueses que exerce voluntariado social, partilhando os seus "superpoderes", cada qual "fazendo e ensinando a fazer o que sabe fazer melhor", apoiando, deste modo, instituições sociais, centros educativos, hospitais... tendo já formado mentores que desmultiplicam agora os talentos aprendidos... 
Jovens voluntários e solidários que gerem, organizam, realizam... Talentosos, comunicativos, ativos... extraordinários!
Fiquem mais um pouco. 

É a vez de conhecer Mario Gonzalez e a sua espantosa história de vida. Este encenador guatemalteco, septuagenário, falou da sua infância pobre e do teatro de fantoches que então fazia... Contou como, mais tarde, desenvolveu a arte da máscara para trabalhar na via pública, contra a vontade do pai, sem ser reconhecido... e como assim se transformou em clown, trabalhou anos no Cirque du Soleil, ensinou a sua arte no Conservatório Nacional (França), ganhou a vida dignamente... Encontra-se agora numa nova etapa da vida. Encena Julieta, dirigindo a atriz Elsa Valentim. Uma Julieta que faça jus ao papel igualitário da mulher na sociedade.
Venham comigo até ao teatro, assistir ao ensaio. 15 dias antes da estreia! (Coragem!)
Observem a atriz, irreconhecível na sua aparência de palhaço. Vejam-na transitar entre a Carmen-clown - que anuncia que vai representar e cantar, e que interage com o público bem como com um qualquer imprevisto - e a personagem shakespeariana, a que está habituada, num contexto diverso, clássico... 
Uma hora, cronologicamente medida, entre surpresas, risos, emoções e que depressa se esgotará... e o espetáculo termina, talvez inacabado ("como se da morte se tratasse")...
Que vontade de comentar, perguntar, escutar!... Ouvimos Elsa Valentim, Mario Gonzalez, Myra Eetgerink (assistente de cena), o público que pediu a palavra... 
A mim, para além do mais, enterneceu-me a simplicidade de Elsa Valentim e a insegurança na construção da sua personagem... (Não acontece apenas às aprendizes-principiantes. Mas isso eu não disse... Chiu, segredo meu!)
Gosto de dias assim, ricos, cheios de atividades e imprevistos estimulantes... 



Sugestão:
Quem quiser poderá assistir gratuitamente a um ensaio. Diariamente, entre as 21h30m e as 22h30m. No Teatro O Bando, em Vale de Barris (Palmela). Pessoalmente, quero ver a evolução da Carmen, nesta sua viagem... Voltarei!

1 comentário:

Anónimo disse...

A tradição já não é o que era...
Já não são os meninos à volta da fogueira.
São os avós à volta da figueira!
BOA!
Zecarioca