domingo, 27 de janeiro de 2008

Três imperativos e uma frase interrogativa...

Ofereceram-me no Natal um “caderninho”.
Nada de extraordinário, dir-me-ão.
Discordo! Deixem-me justificar porquê. Ao darem-me o tal caderno, traçaram-me objectivos: “…para apontar ideias e escrever.”
Uma frase simples proferida com naturalidade. Um gesto simples, terno, aparentemente ingénuo. E muito encorajador - pela confiança que em mim depositaram no bom uso a dar àquela prenda...
Uma tarefa imensa e que, bem vistas as coisas, de simples nada tem!...

Uma coisa é certa: a partir daquele momento, eu já não tenho razão para ir apontando “lembretes” nas costas de folhas utilizadas, em talões Multibanco, pedaços de papel de embrulho ou recortes de toalhas de mesa de papel… nem será tão fácil perder o norte ao sítio onde os guardei… Passei a ter “um caderno”! Digno, organizado.
A encher-se de asteriscos, setas, entrelinhas, riscos e rabiscos.
Está bom de ver: foi nele que há pouco rascunhei este mesmo texto…

Quando o caderninho está aberto, fica escondida a mensagem que exibe na capa: “pense. crie. escreva.
Três imperativos. Imperiosos, provocadores. Nem o comic sans ms, aliás, o viner hand ITC, lhes retira o estilo desconcertante.
Reparem no mais curtinho deles todos: “crie”. Crêem que o verbo criar admite imperativo?!...
Ora o slogan da capa não se fica por aí; acrescenta, por baixo, como quem não quer a coisa: “com inspiração”. Pensar, criar, escrever… com inspiração! Quanta responsabilidade!... Que desafio!...

O entusiasmo de estrear o caderno, deixando-me guiar por esse estímulo, o desejo de não desmerecer a confiança manifestada em mim por quem mo ofereceu, o prazer de escrever, tudo isso vai produzindo resultados e fazendo de mim esta autora... que para aqui vêem.

A primeira consequência foi persistir na manutenção do blogue, quando a acção de formação que o fez nascer acabou em Dezembro… Permaneço aqui por conta própria, às vezes questionando-me porquê, para quê…

A verdade é que, entretanto, iniciei uma segunda fase. Pouco a pouco, vou dizendo timidamente a uns e a outros que criei este espaço, “…sem complexos nem peneiras…”. Pura verdade!...
A simpatia com que aludem aos "meus ambientes digitais... pessoais e intransmissíveis..." anima-me a prosseguir.

Uma colega foi absolutamente inexcedível e duplicou o apelo e estímulo iniciais…
Carinhosa na resposta, sensível na compreensão, calorosa na crítica que sublinhou com um sorriso aberto…
Uma leitora ideal!
Uma leitora encorajadora!
(Pensarei também nela sempre que puder escrever…)

E eis que surgiu há dias a frase interrogativa: “Então, nunca mais escreves nada?” – perguntou-me ela.
E rematou com o mesmo sorriso, a mesma voz terna plena de humor crítico: “Criar blogues é fácil! Agora alimentá-los…”
(Tens razão! Mas nem me justifico. És a primeira a entender bem a minha ausência…)

Mais esta agora: uma frase interrogativa com peso de imperativa… Imperiosa e provocadora como o “pense. crie. escreva.” daquele caderninho criteriosamente escolhido para mim…
Por estas e por outras, aqui estou de novo!...



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