quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Observar e ser observado...

Eu observava à minha volta, à medida que o metro avançava. (Há sempre uma crónica debaixo de olho, quando a buscamos...)
Precisamente à minha frente, sentou-se uma jovem, ágil como é habitual na sua idade; surpreendentemente discreta, no vestuário e na apresentação. 
Embora sendo loira e bela, facilmente passaria despercebida, não fosse aquele seu impulso de imediatamente abrir a mochila, pegar num caderno e numa lapiseira (em vez de um qualquer tablet), olhar serenamente para a esquerda e para a direita e, sem tempo a perder, começar a escrever, desenhando cada letra devagar... Compassadamente, a um olhar seguia-se uma frase breve...; a novo olhar, umas tantas palavras mais...
Eu olhava-a, curiosa...
Poesia? Prosa?, registo de impressões de viagem...? 
Impossível confirmar!
Fitou-me. Desviei o olhar, por instantes. Voltei a espreitar; continuava a olhar na minha direção, lapiseira suspensa sobre o caderno aberto...
Observar e ser observada... 
Interesse e inquietude...
Terei entrado na sua história
Como gostaria de ler o seu texto!...
O trajeto era curto. Dúvida e desejo ficaram por satisfazer.
Por mim, fica assim descrita a bela jovem amante da escrita.
Imagem retirada de um jornal digital.

6 comentários:

joaquim disse...

Histórias de passagem que deixam mistério e a imaginação a fervilhar.
Jovem escritora de sonhos por certo
Tomas

Manuela Caeiro disse...

O mistério espicaça a curiosidade, de facto.
E ela talvez escrevesse uma crónica... ou se preparasse para uma representaçao... ou... ou... (e lá estou eu!) :-)

Anónimo disse...

andnddrog
Cartas de amor... Quem as não quer.
Poucas as escrevem com lapiseira num caderno entre 2 estações.
A paixão é um beijo na alma pela mão, sem tino.
voar, voar.
Salomé..

Manuela Caeiro disse...

Carta de amor? Não creio. Mas talvez, Salomé! Com tamanho desejo de escrever, "...tudo era possível, era só querer"...

joaquim disse...

Quem sabe se os poemas do Rui Belo não eram escritos assim.
Tomas

Manuela Caeiro disse...

Como Rui Belo escrevia, desconheço. Mas sei que geralmente os escritores apontam o que observam, registam frases e ideias...; alguns observam fotografias de desconhecidos e inventam assim as suas personagens e peripécias... Naturalmente, o processo criativo varia muito (e as obras também)!