quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Penso em vós...


Estou de passagem por uma daquelas terras onde não vemos vizinhos nem amigos, apenas cercados por vozes e vultos desconhecidos e onde cada viajante solitário, companheiro de si próprio, coabita consigo mesmo... sem fuga possível.
Trata-se de um lugar onde depressa se descobrem os caminhos que vão dar à praia, ao supermercado, ao café, à caixa multibanco...; pouco mais há e tanto basta. 
Um sítio já familiar onde, à chegada, me sinto em casa, mas estranhamente estrangeira. 
Integro-me progressivamente e com deleite no espaço sazonal, no tempo livre e longo... 
Reaprendo a prescindir de diárias rotinas do ano inteiro, reajustando horários, abrigando-me em renovados prazeres. 
Tanto para fazer, tanto para fruir!... Ou não fossem férias. Escolhidas voluntariamente, planeadas, finalmente concretizadas. Surpreendente é exigirem de mim adaptação!!!...
Neste momento, quantos não se encontram numa mobilidade forçada pela subsistência da família saudosa que deixaram longe?...
Penso em vós, professores.
Penso em vós, homens e mulheres livres que, sem desejo, migraram, imigraram, emigraram, deitando contas à vida...
Penso em vós, prisioneiros...
Calculo o peso do tempo aparentemente infinito, medido por relógio indiferente e sem compaixão...
E tento avaliar, perceber, sentir...

  

2 comentários:

Anónimo disse...

Lido este magnífico texto, apetece-me sugerir o título de uma canção interpretada pelos Delfins e Gabriel o Pensador.

http://www.youtube.com/watch?v=6_oQ28NM5N8

Um abraço, Manuela

Manuela Caeiro disse...

Já fui ouvir...: "Soltem os prisioneiros/.../ Por todo o mundo há prisioneiros"...
Bem lembrado!
Se pensarmos que somos muitas vezes prisioneiros dos nossos hábitos, dos nossos vícios, das nossas circunstâncias..., "solte-se quem puder"!...