terça-feira, 20 de março de 2012

Citação: Do tempo - ideias dispersas


 Correio da Educação, 12 de março 2012

* Teresa Martinho Marques

« Temos o vício do Passado. Temos a ideia de que tivemos um tempo que já não é este. No meu tempo é que era! No meu tempo, isso sim! No meu tempo, quem me dera!

Temos o vício de um certo Futuro. Do futuro-caos, do futuro-triste, do futuro-desalentado. Do nem vale a pena porque já sei o que vai acontecer. Do para quê? Do por que razão? Antes fosse o vício de um futuro-sonho, futuro-motor, futuro-asa, futuro-visão…

Raros são os que têm um vício bom de Presente. Um vício de prestar atenção ao caminho, ao que é, ao que se tornou, no natural evoluir dos anos. Um saudável vício de o tornar perfeito com o que de mais imperfeito temos neste tempo. Este tempo que é o único a que podemos chamar nosso, o único onde podemos mexer, que podemos pintar, moldar, esculpir, empurrar, aproveitar, desperdiçar, aproveitando as aprendizagens do passado, mas sem ficar preso nele.

E praticamos frequentemente a arte do desencontro com imensa mestria: cada um vivendo no tempo que lhe convém, à hora diferente do tempo de quem está mesmo ali ao seu lado. Depois o remorso e a culpa.

(...)

Este é sempre o melhor tempo de todos os tempos.
Ontem? Porta fechada.
Amanhã é já outro dia. »


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