sábado, 15 de outubro de 2011

De volta ao voluntariado...

Foi ontem o meu regresso à Mediação de Leitura. Desta vez estreei-me na Escola do Alfeite - que pertence ao Agrupamento Conceição e Silva, na Cova da Piedade. (O meu...)

Três turmas de 3º ano. Três sessões. É outubro, Mês das Bibliotecas Escolares; reforça-se o objetivo de promover leitura e saberes: verdadeiramente, "um poder para a vida".
Era dia de apresentações: «Sou uma leitora de histórias, não uma contadora... Vou "dar a ler", vamos ler a meias...»
Levava uma sacada de livros, agrupados em três montinhos, de forma a possibilitar  outros tantos caminhos possíveis, conforme o desenrolar de cada sessão... Autores portugueses e também estrangeiros; livros de poesia, de narrativa em prosa e em versoinformativos; um slogan publicitário... Não faltavam umas folhas amarelecidas..., uma laranja, uma maçã...
Nem tudo fez falta! Mas de facto seguimos percursos distintos, de hora para hora.
O 3ºC não me apanhou de surpresa ao pedir livros de terror! Ouviram com agrado O rapaz que tinha medo, da GATAfunho... A ilustração de morcegos, no início e no fim do livro, fez a ponte para a leitura de A fada Palavrinha e o gigante das bibliotecas, de Luísa Ducla Soares, que foi aliás o único livro lido a meias com todas as turmas. Pelo meio, este proporcionou a referência aos úteis morcegos, em grandes bibliotecas. E à possibilidade de rapidamente se pesquisar esta informação no Google...
Surpresa senti ao ver o entusiasmo geral causado por Desculpa, mas esse livro é meu, da Oficina do Livro... (cujo poder mediático eu ignorava. Falta-me cultura televisiva, reconheço.) Quer o 3ºA quer o 3ºB foram convidados a recontar a  história, mas incapazes de o fazer... Naturalmente, lemos. Divertiram-se com a teimosia e os "erros" linguísticos da pequenita Lola; riram com a ligação do tamanho de letra ao tom de voz crescente da voluntariosa menina: é meu, meu, meu, meu... Ambas as professoras aproveitaram para lhes fazer ver situações similares vividas nas suas turmas!
Ao 3ºB comecei por contar uma história, à medida que iam observando as respetivas ilustrações: Mariazinha, a contadora de histórias, de Maria João Lopo de Carvalho. África e suas díspares realidades socioeconómicas foi tópico de conversa. Em seguida, lemos a meias... Além das histórias, versos de Cantigas e cantigos, de José Fanha.
O 3ºA ouviu um poema: Os mistérios da escrita, de Álvaro Magalhães. Souberam-no interpretar com perspicácia...
Curiosos, não partiram sem perguntar para que serviam a laranja e a maçã... Foi assim que assistiram à demonstração do movimento de rotação da Terra, perceberam as causas do dia e da noite, e compreenderam que "A noite é a nossa dádiva de sol aos que vivem no outro lado da Terra"...
Igual, igual, nas três turmas, foram as manifestações de agrado e de carinho com que se despediram...
E porque o 3ºA teve a sua sessão pelas 9h30m, e eu só me vim embora perto das 15h, tiveram tempo para me preparar uma surpresa e convidar para ir à sua sala receber um maravilhoso livro de ilustrações das histórias lidas, com opiniões de fazer envaidecer qualquer um (e a mim também!)... Obrigada, Meninos; obrigada, Professora Carmen!
Estou grata a todos os colegas que tão bem me receberam... 
À Carla Pimenta, Professora Bibliotecária, tenho ainda de agradecer a receção... e o almoço na cantina - que bem merece um elogio!
Até à próxima!...

O blogue Biblioteca & Companhia deu notícia...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Contas fechadas...

Já lá vai, há que tempos, o ano 2010/2011...
Setembro despediu-se da praia... Outubro recuperou o verão... Tiquetaque, tiquetaque, o relógio prossegue inflexível. Um outro ano escolar começou; novas sessões de mediação de leitura estão programadas e se avizinham...
Não me esqueci! Sei bem que me faltou apresentar, no fim do ano transato, o balanço final do trabalho realizado; faltou-me principalmente dar o merecido destaque à despedida do 1º projeto Ler a Meias, após dois anos de trabalho consecutivo com aquelas duas turmas que partiriam para o 5º ano.
É tarde, mas mais vale tarde... 
Em três pinceladas, direi apenas...:
1) Foram 62 as sessões por mim desenvolvidas no ano findo (mais 56, ao longo de 2009/2010 e outras 3, em maio de 2009 - o que perfaz 121 sessões de mediação de leitura e escrita, até agora; 54 das quais, com aqueles alunos...)
2) Relativamente às escolas, mais uma daqui menos outra dacolá (pois nem sempre é possível aceitar os convites de última hora para sessões pontuais), uma vez feitas as contas, o número de bibliotecas escolares em que trabalhei foi semelhante ao de 2009/2010, isto é, 9; todas elas no Distrito de Setúbal: Almada, Azeitão e Sesimbra.
3) Aqui fui deixando alguns relatos e traçando balanços periódicos. (Nos blogues - atualizados...- das diversas bibliotecas escolares, foi sendo dada notícia das sessões realizadas.)
Adiei o balanço do Ler a Meias... Um ensaio sobre  essa experiência de continuidade irá em breve (?) ser publicado na próxima revista municipal Anais de Almada. Lançaram-me o desafio e deitei mãos à obra. Pensei, na altura, que poderia publicar aqui o dito artigo, uma vez que estivesse redigido, mas constato que é demasiado extenso, exigiria opções, cortes, sínteses... (Fora de questão!)
Em resumo, este voluntariado produziu efeitos; segundo afirmaram os intervenientes, cumpri o objetivo de fazer crescer, nos meninos, o desejo de ler autonomamente e a capacidade de ler melhor. Contribuí para facilitar a abordagem de muitas temáticas das diversas áreas curriculares. Enfim, a avaliação final de docentes e discentes alegram-me... e encorajam-me a prosseguir.
Todos nós ficámos ricos de histórias, sonhos e saudades...







Fotos do blogue 
A Magia dos Livros
http://bibliotecamagialivros.blogspot.com  

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Eu queria ser como a Guidinha...

Deixei passar muito tempo sem nada escrever e muita coisa aconteceu... Agora tenho tanto que contar que na verdade nem sei por que ponta lhe hei-de pegar...
Realmente eu queria ser como a Guidinha que escrevia de um fôlego, misturava tudo com ingenuidade e sarcasmo, defendia os seus pontos de vista e fazia críticas a torto e a direito, com ironia e graça, como se não fosse nada com ela...  Lembro-me que a lia mal apanhava o jornal (que tenho ideia que era o Diário de Notícias, mas talvez nem fosse...)... Só sei que era a minha leitura preferida, em tempos de ditadura e lápis azul, quando aprendíamos a ler nas entrelinhas...
Queria saber imitar a Guidinha, tirando aquela coisa da falta de pontuação... Assuntos para abordar e relacionar não me faltariam: eu podia falar dos novos livros que li... ou do novo disco do Sérgio Godinho..., com mútuo consentimento, claro!..., da mão cheia de netos que vão crescendo e me preenchem de orgulho e de afetos..., das férias em setembro (pugnando por um novo direito merecido) ou então de novos sonhos e projetos que se vão expandindo neste mês de outubro..., mas neste caso estou a ouvir o  Alexandre O' Neill a avisar-me (ou a zombar): "Não fales da vidinha!"... e alto!... 
Mas isto não me faz desistir: afinal eu até sou daquelas que se interessam por tudo e também por nada e consigo falar alto e sem parar... Ainda assim, que pena!, estou muito aquém de ser uma pessoa "insaciável e louca", como exortava o genial Steve Jobs, a quem presto homenagem. 
Podia falar da política internacional e da nacional..., da solidariedade da Europa e da falta dela..., ou de gentes que lutam pelos direitos humanos, já agora aproveitando para dar os parabéns às três premiadas com o  Nobel da Paz: as liberianas Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkul Karman, hoje mesmo distinguidas pela sua luta pacífica em nome dos direitos das mulheres, como li no Público online
Podia aludir à economia nacional que nos empobrece dia a dia..., mais às agências de rating que nos atiram para o lixo, mas, a sério, não me sinto particularmente informada e vendo bem é melhor estar atenta aos anúncios de cortes nas despesas do Estado e nas receitas dos cidadãos, fora todos os aumentos que havemos de pagar, as privatizações ao desbarato e os benefícios que já suspeitamos que se vão evaporar... 
Queria falar, e com justiça, de tantos anónimos heróis da vida que lutam levando-a de vencida... E lembrar que, como parafraseava George Orwell, «todos os homens são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros»... 
Bem se vê: se eu fosse a Guidinha, teria pano para mangas para uma redação excelente... Falta-me a sua visão e ingénua lucidez...; falta-me fluidez; falta-me sobretudo a graça mordaz e o génio de Sttau Monteiro.
Eu tanto queria ser como a Guidinha!... 

Outubro, inspiração musical...

«Sometimes one dream is enough to light up the whole sky.» (Por vezes, um só sonho é suficiente para iluminar todo o céu.)
Mark Isham, Céu de outubro (banda sonora)


Vale de Barris - Serra do Louro, 1/10/2011 (foto)