quarta-feira, 18 de março de 2020

De mãos dadas com histórias e memórias...

Na ARPILF.
Na 6ª feira 13... de março.
Correu tudo bem. (E sem a minha presença...)
A preparação foi conjunta. A realização ficou a cargo de Dina Dourado, minha parceira nestas atividades com idosos, neste ano letivo, em representação da Universidade Popular Almada.
Contou-nos a Dina o seguinte:


«Feitas as saudações habituais, iniciámos a sessão relembrando as efemérides deste mês de Março: dia da mulher, no dia 8; dia do Pai, a 19; dia da Poesia, dia da Árvore (ou da Floresta) e chegada da Primavera, a 21.
Começámos por cinco quadras que, anteriormente, nos tinham sido apresentadas por uma senhora residente. E relembrámos depois quadras de António Aleixo. O momento foi propício a que os idosos participassem com outras quadras e até com algumas adivinhas, por exemplo: «Verde foi meu nascimento e de luto me vesti. Para dar luz ao mundo mil tormentos padeci. Quem sou eu?» ou «Qual é a árvore que dá fruto, mas não dá flor?». Sabem?
Lemos, de António Gedeão, o Poemas das Árvores. Seguidamente, o poema-receita de Xico Braga Versos da Foz dos Rios do livro Receitas Poéticas.
Após estas leituras e algumas trocas de considerações, quis relembrar o dia Internacional da Mulher com uma breve apresentação da sua origem e leituras onde, de alguma forma, a mulher surge em lugar de grande destaque. Assim, comecei por ler um pequeno excerto do livro A Pirata, de Luísa Costa Gomes, precisamente aquele que mostra a tenacidade e a teimosia de uma mulher que pretende casar a todo o custo, apesar da relutância do seu apaixonado. Seguiu-se a apresentação de duas histórias: O Milagre das Rosas in Lendas Portuguesas e  A Velha e o Ladrão in Contos Populares e Lendas, coligidos por José Leite de Vasconcelos.
Depois de algum diálogo com os residentes, a sessão terminou com a apresentação do livro Os Adultos? Nunca! , de Davide Cali e Benjamim Chaud.
Por fim, decidimos que o próximo encontro será agendado assim que a problemática suscitada pela atual pandemia provocada pelo corona vírus tiver melhorado.»

Sessão anterior, em janeiro.




sexta-feira, 6 de março de 2020

Mulheres: sedução, submissão, insubmissão...


XERAZADE

Para se vingar de uma, que o atraiçoara, o rei degolava todas.
Casava-se ao crepúsculo e ao amanhecer enviuvava.
Uma após outra, as virgens perdiam a virgindade e a cabeça.
Xerazade foi a única que sobreviveu à primeira noite, e depois continuou a trocar um conto por cada novo dia de vida.
Estas histórias por ela escutadas, lidas ou inventadas, salvavam-na da decapitação. Contava-as em voz baixa, na penumbra da alcova, sem outra luz que não a da lua. Sentia prazer ao contá-las, e prazer oferecia, mas tinha muito cuidado. Às vezes, enquanto narrava, sentia que o rei estava a estudar-lhe o pescoço.
Se o rei se aborrecesse, ela estava perdida.
Foi do medo de morrer que nasceu a mestria de narrar.


ALERTA: BICICLETAS!

A bicicleta fez mais do que muito e mais do que qualquer pessoa pela emancipação das mulheres no mundo – dizia Susan Anthony.
E dizia a sua companheira de luta; Elisabeth Stanton:
- Nós, mulheres, viajámos a pedal até ao direito de voto.
Alguns médicos, como Philippe Tissié, avisavam que a bicicleta podia provocar o aborto e infertilidade, e outros garantiam que este indecente artefacto induzia à depravação, porque dava prazer às mulheres que esfregavam as suas partes íntimas contra o assento.
A verdade é que, por culpa da bicicleta, as mulheres podiam deslocar-se por sua própria conta, desertavam do lar e desfrutavam do perigoso gostinho da liberdade. E por culpa da bicicleta, o opressivo corpete, que as impedia de pedalar, saiu do roupeiro e foi parar ao museu.

Galeano, Eduardo, Mulheres, Antígona, 2017

Na badana: «…sucedem-se nesta galeria mulheres corajosas, míticas e de carne e osso, gestos de feliz insubmissão no feminino e vidas tantas vezes invisíveis e silenciadas.»

quarta-feira, 4 de março de 2020

Leituras e conversas, na biblioteca da Feliciano Oleiro

Primeiro, veio o 3ºB.
Histórias e versos fizeram a alegria dos meninos.


O Anton gosta mais de matemática. E não se quer esquecer do alfabeto russo. Aprendeu que pode ir ao Google tradutor; a professora Rosa vai ajudar!
Gostaram muito de A manta do José. E dos outros livros também!



Os quartos anos A e B vieram a seguir, cada qual de sua vez.
Os versos dos Bichos em perigo foram lidos pelos alunos. Como o livro pertence à biblioteca, ficou logo disponível para ser requisitado!
Os romances tradicionais também eram contados em verso. Lemos Donzela que vai à guerra e, vejam bem!, uma lenda do Ruanda, muito parecida e também diferente: A história de Ndabagá, nome de mulher heróica, nesse país.

Muita conversa se meteu pelo meio. Sobre guerras, fim de guerras e recomeço de outras guerras... E até da guerra contra doenças que nos inquietam.
(Quando conseguimos ser ouvidos, o que nos preocupa acaba por ser dito... Assim foi.
Houve esclarecimento, ainda bem!)

Até abril, se... tudo acontecer como previsto!

Sessão anterior: janeiro.