Histórias da minha rua
(dedicadas ao 3º A da EB1 do Pragal)
Moro no alto de um prédio de
vários andares, numa rua de Almada. É um espaço amplo, sem grandes casas a
tapar-me a vista... De um lado, avisto o Cristo-Rei e o Almada Fórum e, mesmo
em frente, tenho um jardim cheio de árvores que me revelam nitidamente as
quatro estações do ano; do outro lado, corre mansamente o rio Tejo e sigo com o
olhar os barcos do Barreiro e do Seixal no seu permanente vaivém e, com
frequência também, os navios da Marinha, a chegar ao cais do Alfeite.
É um prazer pôr-me à janela, de
qualquer dos lados, desde que aprecio o Sol a nascer e a pintar o dia de
cor-de-laranja até ser noite cerrada, quando a Lua brilha no céu como um farol…
Pela minha rua anda muita gente
de variadas partes do mundo e etnias, uns que aqui moram e convivem em paz;
outros de passagem... Alguns circulam de carro e muitos outros a pé, ora
apressados ora nas calmas, sobretudo quando vão a subir, para mais se carregam pesados
sacos ou mochilas... Cá de cima, oiço vozes, pedaços de conversas… É um
bairro sossegado.
Esvoaçam pombos e gaivotas que
repousam e grasnam nos telhados; na Primavera voam velozmente muitas andorinhas à
caça de insetos, para alimentar as suas pequenas crias que as esperam nos
ninhos. E depois, no Outono, lá vão elas todas, a fugir do Inverno...
No tal jardim, sentam-se idosos,
enquanto vigiam os netos que brincam livremente; os mais crescidos formam improvisadas equipas de
futebol e soltam gritos de alegria, sempre que marcam um
golo.
Dantes, ouviam-se sirenes de uma padaria e de fábricas (que laboravam aqui perto), para chamar o pessoal. Hoje só se forem as de uma ambulância, de um carro dos bombeiros ou da polícia, sempre muito apressados...
Em 41 anos que aqui vivi, vi
nascer bebés que hoje já são pais, conheci famílias que para cá vieram morar e
certo dia partiram para diferentes destinos… Assisti a alegrias e tristezas.
Queriam uma história da minha
rua? Ora deixem cá ver...
Era uma vez…
Não..., enfim, fica para outra vez!