terça-feira, 21 de julho de 2020

Estantes abertas à janela...

Tenho lido bastante, nesta quarentena.
Tenho participado em mais comunidades de leitores do que quando eram exigidas deslocações e tempo para as mesmas. (Não é bem a mesma coisa, mas há vantagens…) Verdade seja dita, nem todas as anteriores atividades transitaram para plataformas digitais, deixando espaço livre para novos voos.
Levaram volta preciosidades de estantes várias…; as montras virtuais são tentadoras… Livrarias independentes e edições de autor merecem atenção. Leituras on-line, também: crónicas, poesia, informação…
A minha leitura de livros sucede-se ao ritmo dos temas dos sucessivos encontros virtuais (entremeada, por vezes, por outras que atraem e distraem). Algumas comunidades implicam o compromisso de ler determinada obra para comentar na sessão vindoura. Outras, a seleção de um excerto para leitura em voz alta, ora sujeito a determinado tema, ora livremente.
É menos fácil do que parece escolher um livro, depois o tal excerto, e lê-lo, por fim,em voz alta, de modo a ser clara e prazerosamente escutado… É mais fácil do que parece a obrigação de ler com um prazo a cumprir, visto ser voluntário; caso contrário, quantos livros continuariam pacientemente à espera?…
Querem saber quais os temas que têm norteado as minhas leituras, desde março? (Para cada sessão, claro!, imaginem a habitual escolha árdua…) Foi assim:
- O inverno dos dias (em torno do Holocausto) e Quatro contos quatro mundos  - com a Associação Almada Mundo;
- (Re)descoberta dos livros cá de casa; Triângulo amoroso entre verão, férias e livros (com a Ler Ler - da Escrever Escrever -, em parceria com a Biblioteca Camões);
- Leituras da Quarentena (com a Bertrand Chiado);
- Com a Biblioteca Municipal Almeida Faria, de Montemor-o-Novo - a 1ª a sulcar novos rumos, e a mais constante em encontros virtuais -, inúmeros e variados foram os temas para as Leituras em casa: Alegria; O 25 de abril; A literatura e o trabalho; (Re)Ler os clássicos; Literatura de viagens; Literatura africana; Literatura asiática. Tema livre (mais do que uma vez).
Acima de tudo, saliento o convívio com estes leitores que, distantes, unidos pelos livros, irromperam casa dentro, desfazendo silêncios e solidão de dias monótonos... reforçando laços de amizade.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

LER LER, na Biblioteca Camões. Verão, férias e livros...



 Tem quatro anos esta tertúlia mensal, em que lemos excertos, sujeitos ao tema de cada sessão, e conversamos livremente sobre os mesmos... Contamos com o Thales Soares (promotor cultural da Biblioteca Camões, sempre disponível) e com as dinamizadoras Conceição Garcia e Cristina Borges (professoras da ESCREVER ESCREVER).
Pude assistir às várias fases desta tertúlia de leitores que tem evoluído nos métodos, persistindo no grande objetivo de evocar escritores e dá-los a ler.
Ultimamente, temos sempre à mão de semear uma vasta oferta de livros das BLX, além de, como sempre, podermos recorrer às nossas bibliotecas pessoais. E as derradeiras sessões, inovação das inovações, tiveram lugar (claro!) através da plataforma Zoom.
Eu fora convidada, há muito, para dinamizar uma das sessões finais. Optara por 1 de julho, tempo de férias escolares e de maior disponibilidade...
O tema, escolhido a pensar em verão+férias+leituras, ficou rapidamente assente: Refrescos livrescos, leituras com perfume refrescante...
O Zoom, só domino como utilizadora. Mas a Conceição estava lá...
Enquanto mediadora, podia falhar... Mas estava presente a Conceição. E a Cristina, também!...
A escolha de livros revelou-se facílima: cada qual tinha os de lá de casa...
Um refresco para brindar: fiz um de café e limão, com pau de canela (houve quem lhe chamasse capilé). Apareceram refrescos para todos os gostos, e houve inclusivamente quem rapidamente recorresse à garrafeira de casa...

Tudo correu maravilhosamente: as recordações associadas a férias de cada um, os excertos escolhidos e lidos (a Conceição ficou de listar as obras; eu depois conto...), a conversa, as receitas de refrescos e os brindes finais propostos pelos presentes. Acreditem que brindámos a tudo e mais alguma coisa; nem sequer faltou um brinde à preguiça!

Um encontro muito saboroso. Digo eu que considero ter sido... prova superada.
Agora sim, estou em férias!
Muito obrigada a todos.


sexta-feira, 19 de junho de 2020

Adeus, 2019/2020!


Terminariam hoje as aulas (presenciais) no 1º Ciclo, neste ano que viu escolas serem encerradas no mês de março, serviços fechados, ruas desertas, aviões em terra, famílias confinadas, a estudar e a trabalhar a partir de sua casa, de olhos postos nos noticiários... por causa de um mini-mini-vírus, contagioso e letal, que se propagou a todo o mundo.
Uma palavra se sobrepôs a cada compromisso registado nas agendas: Cancelado.
E o Ler a meias... não foi exceção.
Dia 4 de março teve lugar a nossa última atividade de mediação leitora, numa altura em que haviam sido realizadas 26 sessões.
(Destaco ainda a I Tertúlia na Universidade Popular Almada, de muito boa memória, que não entra nestas contas...)
Faltavam muitas, muitas mais. Nada menos do que 25 sessões já agendadas... (15, no Agrupamento Anselmo de Andrade; 10, no Agrupamento da Caparica). E isto sem contar com mais algumas na ARPILF, e talvez também alguma no Centro Comunitário do Laranjeiro/Feijó.
Enfim, ganhámos férias antecipadas (para mais, sem perder qualquer rendimento, visto tratar-se de voluntariado).
Muita coisa, entretanto, mudou.
Teremos ânimo para recomeçar?
Ah, mas este ano, para nós, fechará a 1 de julho, via Zoom, na Ler Ler da Escrever Escrever, em parceria com a Biblioteca Camões. Serão os Refrescos Livrescos: um trinómio de verão+férias+leituras.
Cada participante com seu excerto e, vá lá, com um refresco à mão (de receita secreta ou desvendada).  Para brindarmos.
Um brinde à vida e ao futuro. À leitura.

Balanço de 2018/2019: aqui.


quarta-feira, 18 de março de 2020

De mãos dadas com histórias e memórias...

Na ARPILF.
Na 6ª feira 13... de março.
Correu tudo bem. (E sem a minha presença...)
A preparação foi conjunta. A realização ficou a cargo de Dina Dourado, minha parceira nestas atividades com idosos, neste ano letivo, em representação da Universidade Popular Almada.
Contou-nos a Dina o seguinte:


«Feitas as saudações habituais, iniciámos a sessão relembrando as efemérides deste mês de Março: dia da mulher, no dia 8; dia do Pai, a 19; dia da Poesia, dia da Árvore (ou da Floresta) e chegada da Primavera, a 21.
Começámos por cinco quadras que, anteriormente, nos tinham sido apresentadas por uma senhora residente. E relembrámos depois quadras de António Aleixo. O momento foi propício a que os idosos participassem com outras quadras e até com algumas adivinhas, por exemplo: «Verde foi meu nascimento e de luto me vesti. Para dar luz ao mundo mil tormentos padeci. Quem sou eu?» ou «Qual é a árvore que dá fruto, mas não dá flor?». Sabem?
Lemos, de António Gedeão, o Poemas das Árvores. Seguidamente, o poema-receita de Xico Braga Versos da Foz dos Rios do livro Receitas Poéticas.
Após estas leituras e algumas trocas de considerações, quis relembrar o dia Internacional da Mulher com uma breve apresentação da sua origem e leituras onde, de alguma forma, a mulher surge em lugar de grande destaque. Assim, comecei por ler um pequeno excerto do livro A Pirata, de Luísa Costa Gomes, precisamente aquele que mostra a tenacidade e a teimosia de uma mulher que pretende casar a todo o custo, apesar da relutância do seu apaixonado. Seguiu-se a apresentação de duas histórias: O Milagre das Rosas in Lendas Portuguesas e  A Velha e o Ladrão in Contos Populares e Lendas, coligidos por José Leite de Vasconcelos.
Depois de algum diálogo com os residentes, a sessão terminou com a apresentação do livro Os Adultos? Nunca! , de Davide Cali e Benjamim Chaud.
Por fim, decidimos que o próximo encontro será agendado assim que a problemática suscitada pela atual pandemia provocada pelo corona vírus tiver melhorado.»

Sessão anterior, em janeiro.




sexta-feira, 6 de março de 2020

Mulheres: sedução, submissão, insubmissão...


XERAZADE

Para se vingar de uma, que o atraiçoara, o rei degolava todas.
Casava-se ao crepúsculo e ao amanhecer enviuvava.
Uma após outra, as virgens perdiam a virgindade e a cabeça.
Xerazade foi a única que sobreviveu à primeira noite, e depois continuou a trocar um conto por cada novo dia de vida.
Estas histórias por ela escutadas, lidas ou inventadas, salvavam-na da decapitação. Contava-as em voz baixa, na penumbra da alcova, sem outra luz que não a da lua. Sentia prazer ao contá-las, e prazer oferecia, mas tinha muito cuidado. Às vezes, enquanto narrava, sentia que o rei estava a estudar-lhe o pescoço.
Se o rei se aborrecesse, ela estava perdida.
Foi do medo de morrer que nasceu a mestria de narrar.


ALERTA: BICICLETAS!

A bicicleta fez mais do que muito e mais do que qualquer pessoa pela emancipação das mulheres no mundo – dizia Susan Anthony.
E dizia a sua companheira de luta; Elisabeth Stanton:
- Nós, mulheres, viajámos a pedal até ao direito de voto.
Alguns médicos, como Philippe Tissié, avisavam que a bicicleta podia provocar o aborto e infertilidade, e outros garantiam que este indecente artefacto induzia à depravação, porque dava prazer às mulheres que esfregavam as suas partes íntimas contra o assento.
A verdade é que, por culpa da bicicleta, as mulheres podiam deslocar-se por sua própria conta, desertavam do lar e desfrutavam do perigoso gostinho da liberdade. E por culpa da bicicleta, o opressivo corpete, que as impedia de pedalar, saiu do roupeiro e foi parar ao museu.

Galeano, Eduardo, Mulheres, Antígona, 2017

Na badana: «…sucedem-se nesta galeria mulheres corajosas, míticas e de carne e osso, gestos de feliz insubmissão no feminino e vidas tantas vezes invisíveis e silenciadas.»

quarta-feira, 4 de março de 2020

Leituras e conversas, na biblioteca da Feliciano Oleiro

Primeiro, veio o 3ºB.
Histórias e versos fizeram a alegria dos meninos.


O Anton gosta mais de matemática. E não se quer esquecer do alfabeto russo. Aprendeu que pode ir ao Google tradutor; a professora Rosa vai ajudar!
Gostaram muito de A manta do José. E dos outros livros também!



Os quartos anos A e B vieram a seguir, cada qual de sua vez.
Os versos dos Bichos em perigo foram lidos pelos alunos. Como o livro pertence à biblioteca, ficou logo disponível para ser requisitado!
Os romances tradicionais também eram contados em verso. Lemos Donzela que vai à guerra e, vejam bem!, uma lenda do Ruanda, muito parecida e também diferente: A história de Ndabagá, nome de mulher heróica, nesse país.

Muita conversa se meteu pelo meio. Sobre guerras, fim de guerras e recomeço de outras guerras... E até da guerra contra doenças que nos inquietam.
(Quando conseguimos ser ouvidos, o que nos preocupa acaba por ser dito... Assim foi.
Houve esclarecimento, ainda bem!)

Até abril, se... tudo acontecer como previsto!

Sessão anterior: janeiro.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Novos amigos, no Pragal...

Celebrar a amizade. Celebrar o respeito pelas nossas diferenças, em dia de apresentações. Assim foram as sessões realizadas no dia de S. Valentim, no Pragal, com o 4ºA (da professora Lídia Fernandes) e o 4ºB (da professora Manuela Soares - uma ex-aluna minha!)

4ºA
José Fanha escreveu uma história divertida, da qual lemos os primeiros capítulos. (A continuação ficou para a próxima vez.)
Também nestas turmas há meninos que vieram de vários países: Brasil, Angola, Rússia, Hungria, China, etc, etc...
Seguiu-se uma história real e comovente: um momento de alegre convívio entre "inimigos", durante a I Guerra Mundial - um jogo de futebol amigável entre ingleses e alemães, num terreno situado a meio das suas trincheiras, num certo dia de Natal e de tréguas.

4ºB
Para o 4ºB, a grande surpresa foi não haver nem regras nem árbitro, num jogo de futebol!...
Foram duas sessões vividas com prazer e emoção.
A professora Eveline é sempre acolhedora e entusiasta.
Voltaremos.


Bibliografia:
José Fanha /Sandra Serra, O meu amigo Zeca Tum-Tum e os Outros, Gailivro
Manuela Fonseca et altri (organização), Lá longe, a Paz, A guerra em histórias e poemas, Edições Afrontamento



sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

De mãos dadas... na ARPILF do Laranjeiro










Foi o 2º encontro. Lembravam-se bem de nós e fomos recebidas calorosamente.
Começámos com quadras da autoria de Fernando Pessoa.
E a seguir ouvimos quadras populares, ditas de cor por uma utente de 92 anos! Aplausos!
Um romance tradicional: Donzela que vai à guerra.
Os presentes falaram de stress de guerra, e do que era ser mulher honrada, antigamente...
A II Guerra Mundial veio a propósito de uma história de Ilse Losa: Apesar de tudo.
Tinham visto, esta semana, reportagens sobre os 75 anos da libertação do campo de Auschwitz. Sabiam do Holocausto. E então falámos de Anne Frank, do seu Diário - que alguém conhecia por ter lido e visto o filme. E recontámos um dos contos que escreveu no campo de Bergen-Belsen: aquele em que uma pequena florista suporta, durante todo o dia, um trabalho duro, mas se sente feliz desde que tenha, à noite, um quarto de hora de descanso, no campo, entre flores. (Teria Anne Frank essa possibilidade? E nós, vamos ver as estrelas, à janela?)
Os dias são todos tão diferentes! Foi muito apreciado Um livro para todos os dias.
Há dias em que precisamos de um abraço sensibilizou os presentes. Um abraço foi pedido e dado, com prazer. E tivemos direito a um mini-conto. Obrigada!
Acabámos a cantar, de mãos dadas.
Obrigada a todos pela escuta e participação.
Obrigada, Neuza, pelas fotos.
O material usado foi este:
Dia 6 de março, voltaremos.