Com a inquietação de quem teme o teor de declarações titubeantes, ainda que decididas, escutámos.
Um casal de jovens estudantes, um curso por fazer, um emprego por haver... um bebé por nascer.
Íamos ser avós.
A natural alegria foi precedida de receios...
Os jovens futuros pais já haviam refletido, arquitetado sonhos e projetos...
O nosso filho trazia dúvidas e argumentos. Deixava luzir alegria no olhar.
A alegria promete contágio...
As soluções encontraram-se.
A menina nasceu...
O pai trabalhou. A mãe trabalhou e estudou. Ele fez umas cadeiras hoje, outras amanhã; e ainda assim concluiu o seu curso. Ela fez o curso de um fôlego; construiu carreira...
Pais tão novos quanto maduros, sempre consideraram a sua filha como o Factor X a ponderar, antes de toda e qualquer decisão... E muitas e variadas foi preciso tomar, ao longo dos anos.
A viagem da vida desuniu e uniu famílias, aproximou novos familiares e amigos. Fez somar casas, escolas, colegas. Desbravou caminhos, multiplicou experiências.
A neta é hoje Menina-Mulher: de menina conserva a ternura; de mulher, a graciosidade e o sentido de responsabilidade.
Completou dezoito anos. É maior.
Na sua festa de aniversário, que permite que todos nos entrecruzemos em alargado convívio familiar, pediram-lhe um discurso, no momento de brindar... Com pouca vontade de falar em tom solene, numa dúzia de palavras proferiu uma síntese simples, significativa, tocante: «Obrigada a todos pelos dezoito anos maravilhosos que me ajudaram a viver.»
Pude contribuir com o meu quinhão.
Sou avó feliz. Orgulhosa.
Obrigada, Íris.
Parabéns!
Foto: Macieira em flor, de Joaquim Chaves