quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Histórias: do contador ao ouvidor...




«(...) A força primordial de uma história é, evidentemente, a de nos transportar, com umas quantas palavras, para outro mundo em que imaginamos as coisas em vez de as sofrer, um mundo onde dominamos o espaço e o tempo, onde pomos em movimento personagens impossíveis, onde povoamos como nos apetece outros planetas, onde insinuamos criaturas sob as ervas dos pauis, entre as raízes dos carvalhos, onde pendem salsichas das árvores, onde os rios sobem para a nascente, onde aves tagarelas raptam crianças, onde defuntos inquietos voltam silenciosos para atalhar a um esquecimento, um mundo sem limites e sem regras onde organizamos à nossa maneira os encontros, os combates, as paixões, as surpresas.
O contador é acima de tudo o que vem de fora, aquele que reúne na praça de uma aldeia os que nunca de lá saem e lhes dá a ver outros montes, outras luas, outros terrores, outros rostos. É o mercador de metamorfoses. É aquele que capta a atenção porque traz outra coisa. É outro olhar, é outra voz.
Neste sentido, é por meio do "era uma vez" que a superação do mundo, isto é, a metafísica, se introduz na infância de cada indivíduo e talvez também na dos povos, muitas vezes ao ponto de aí incrustar uma raiz tão forte que as nossas invenções humanas serão para nós, durante toda a vida, uma realidade indiscutível. Após o deslumbramento, o arrebatamento, a história que nos contaram passa a ser a própria base das nossas crenças, cuja força cega conhecemos.
Contudo, |a história| não se limita a esta superação, a esta, se quisermos, transgressão. Por força da sua natureza, porque é essencialmente uma relação entre seres humanos, está sempre ligada ao público que escuta, por vezes até – de um modo menos visível, mais secreto – ao contador em pessoa. É como um desses objetos mágicos de que tantas vezes se serve como, por exemplo, o espelho que fala.
A história é pública. Ao contar-se fala. (...)»

Jean-Claude Carrière, Nova tertúlia de mentirosos, Teorema, pp. 12-13
Ilustração retirada do blogue de Elsa Serra, formadora e contadora.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Um Rio de contos, um piquenique de histórias...

Trata-se da III edição de um evento anual da Associação Laredo e da CM Almada, através da sua Rede de bibliotecas municipais.
Este ano, como nos anteriores, irá acontecer em torno de uma outra das bibliotecas da cidade e em novos palcos...,  com surpresas a caminho.
(Novidade é ver-me incluída neste cartaz, entre grandes nomes de narradores orais  - e muito mais. Surpreendente também para mim..., acreditem!)

Informação: aqui.
Programa disponível no Facebook.