sexta-feira, 26 de julho de 2013

Os avós foram meninos...

Deve ser difícil para um netito imaginar que o avô, provavelmente de cabelos grisalhos, foi um dia um bebé que depois cresceu... e, num ror de anos (para si incalculáveis), de aventura em aventura, de canseira em canseira, um dia foi pai... e um outro dia mais tarde, tornou-se o seu avô...
Tudo tão mágico, tão inesperado... e tão previsível!...
Este avô revive então o amor que experimentou com a paternidade, já sem a responsabilidade de cumprir esse dever... Orgulha-se dos progressos do petiz, encanta-se com os sorrisos... Se conserva em si uma alma de menino, agora dá-lhe asas, livremente... Irá contar-lhe histórias e transmitir memórias... 
Tem tanto para ensinar! E tanto para aprender!
Quer afinal ser o seu porto seguro e o seu companheiro cúmplice...
Juntos podem reviver um passado em que não existia TV nem computadores pessoais nem jogos eletrónicos... e lembrar que o nosso país era assim... e as pessoas viviam daquela maneira assim-assim... Depois, um dia, já ausente, o avô irá, através deste seu neto, projetar-se no futuro...

Evoco Sebastião da Gama: 

Também eu, também eu,
joguei às escondidas, fiz baloiços,
tive bolas, berlindes, papagaios,
automóveis de corda, cavalinhos...

Depois cresci,
tornei-me do tamanho que hoje tenho;
os brinquedos perdi-os, os meus bibes
deixaram de servir-me.
Mas nem tudo se foi:
ficou-me,
dos tempos de menino
esta alegria ingénua
perante as coisas novas
e esta vontade de brincar.
(...)

Também eu, também eu fui menina, tive um boneco chamado Manuel, saltei à corda, joguei à cabra-cega e à macaca, às 5 pedrinhas, andei de triciclo... e muito mais!
Ainda conservo em mim uma menina traquina...
Também eu tenho a felicidade de ter netos de que muito me orgulho... e de cuja vida faço parte...


5 comentários:

Anónimo disse...

A forma e o conteúdo da escrita - quer a de Sebastião da Gama quer a sua - fazem-nos sentir o que se perde quando não sabemos escrever e ler.
Ou, o que é pior, quando não se consegue interiorizar.

A propósito do 'dia dos avós', agradeço a partilhe e ... parabéns também para mim.

Um abraço

Manuela Caeiro disse...

Estas palavras sensibilizam-me...
Parabéns ao avô Observador!
Bem-haja!

diana disse...

Bons dias, Manuela. Que bela surpresa vir também aqui encontrar alguém que promove com a leitura e a escrita. Daí o entusiasmo com que brincou nos Desafios de Escrita, no Museu Berardo. É maravilhoso sentir a sua paixão pelos livros e o empenho com que se continua a entregar a esta partilha. Bem haja pela sua presença e continuação de uma vida feliz.

Manuela Caeiro disse...

Diana, este reencontro foi um prazer! Obrigada por esta visita ao "Quarto Crescente" e pelas palavras de estímulo. Quanto aos "Desafios de escrita", no CCB, nós gostámos imenso (tal como já disse). Fotografia, poesia, leitura e escrita... e tanta simpatia..., o entusiasmo foi espontâneo e natural!...

Manuela Caeiro disse...

Diana, este reencontro foi um prazer! Obrigada por esta visita ao "Quarto Crescente" e pelas palavras de estímulo. Quanto aos "Desafios de escrita", no CCB, nós gostámos imenso (tal como já disse). Fotografia, poesia, leitura e escrita... e tanta simpatia..., o entusiasmo foi espontâneo e natural!...