- Nos dois sentidos se pode entrar e sair - dizia o senhor Valéry, todo contente.
Ele gostava da sua casa de férias.
Melhor só mesmo uma casa com quatro portas, em quadrado, sem nenhuma parede.
O centro a restar como o único sítio onde se pode estar sentado.
O senhor Valéry fez um desenho.
Chamou-lhe: a casa das quatro portas juntas.
Entra-se por qualquer lado e é sempre igual. É esta a casa de férias que eu quero - dizia o senhor Valéry.-Evitarei perder-me em compartimentos - dizia. Só existirão portas. É que só consigo repousar se não tiver que decidir nada, e para que isso aconteça é indispensável não existirem opções. Parece-me lógico.
-É um sonho que eu tenho, esta casa - murmurava o senhor Valéry. - Seriam as férias perfeitas.»
Tavares, Gonçalo M., O Senhor Valéry, Caminho, 2008, 4ª ed, pp. 27-28
Desenhos de Rachel Caiano
Os seus vizinhos são também curiosas personagens de outros tantos livros de Gonçalo M. Tavares.
Imagina!
2 comentários:
Tambem gostava de passar uns tempos nesta casa de férias. Que descanso! Não fazia nada! Como vais? Sei que estás pelo alentejo, assim soube pela tua mãe. Beijos Josefina
Dei um saltinho a Beja, às Palavras Andarilhas (mas não anuncio isto na NET, durante a ausência...)
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