Foi quase "casualmente" que esta 5ª feira fui promover leitura a Arrentela, a duas turmas de 8º ano, em aulas de Educação Cívica da minha colega e amiga Anabela. A ideia surgiu quando, há uns meses atrás, nos encontrámos para pôr a conversa em dia... A atividade ficou combinada desde então, já com temáticas definidas... E entretanto pude imaginar vários percursos possíveis, apresentar-lhos... e beneficiar da sua ajuda para me decidir... Que bom!
Chegou finalmente o dia. Duas turmas diferentes na postura. No 8ºA, houve momentos de religioso silêncio e muita participação; houve também interrupções de quem parecia querer dominar a conversa. Fui integrando o que diziam, por vezes mudando o rumo às ideias, despendendo esforço suplementar, até conseguir a sua compreensão e acalmia... No 8ºC, a escuta era tão atenta que só se ouvia a minha voz. Aparentemente, uma turma perfeita... e eu sentindo-me como ator cómico diante de público sisudo, segura graças ao feedback da turma anterior... (Quem diria?!...) Tudo normalizou à medida que se foram sentindo mais à vontade. Devo acrescentar que resultou muito bem o trabalho em ambas as turmas!
Concluo que a disposição da sala deve ter tido a sua influência: é diferente participar numa mesa redonda ou estar num anfiteatro. Afinal, tudo "pesa". Até sobre mim.
Concluo que a disposição da sala deve ter tido a sua influência: é diferente participar numa mesa redonda ou estar num anfiteatro. Afinal, tudo "pesa". Até sobre mim.
Quanto às duas sessões, giraram em torno dos mesmos tema e leituras:
A árvore vermelha, de Shaun Tan, e os típicos sentimentos da adolescência...
O palácio da Ventura, de Antero de Quental, e o profundo desânimo de quem não encontra a Felicidade...
O palácio da Ventura, de Antero de Quental, e o profundo desânimo de quem não encontra a Felicidade...
A minha lista de prazeres, um texto da minha ex-aluna de 8º ano, Joana Alves (que conservei... ainda bem!), e a chamada de atenção para uma profusão de pequenas coisas em que normalmente nem reparamos e que são tão importantes, no nosso dia-a-dia!...
Uma frase de Paulo Henriques, de 18 anos, inserida na revista Montepio Jovem (Outubro/2011): "Não vejas a vida como um medo, mas sim como a tua maior conquista"... Assim se focou a necessidade de termos um projeto de vida e nos orientarmos para alcançar o que queremos...
Sinto que a mensagem foi apreendida...
Sinto que a mensagem foi apreendida...
Simultaneamente, a promoção da leitura fez-se: houve quem fizesse questão de anotar o título da obra de Antero, os Sonetos; quem tivesse a curiosidade de folhear as páginas daquele livro antigo, abertas com cerra-livros... Descobriu-se a estrutura de um soneto. Constataram que um livro aparentemente maçudo pode ser de leitura interessante e que um álbum ilustrado não é necessariamente um livro infantil...
À despedida, deixaram-me simpaticamente uma "frase" anónima, como lhes pedi. Não resisto a citar algumas, mesmo sendo muito difícil a escolha: "Sinceramente? Hoje não tive um dia muito bom, não sei o que tinha, estava triste, se calhar com os amigos, com o mundo... comigo. E eis que surge uma luz ao fundo do túnel! Uma senhora (...) que em menos de 30 minutos despertou a minha alma e a minha felicidade!! Obrigada."
"(...) Adorei este tempo em que estivemos a ouvir «conselhos» de vida. Talvez dê para mudar a opinião de muitos e quem sabe facilitar a vida também!" À despedida, deixaram-me simpaticamente uma "frase" anónima, como lhes pedi. Não resisto a citar algumas, mesmo sendo muito difícil a escolha: "Sinceramente? Hoje não tive um dia muito bom, não sei o que tinha, estava triste, se calhar com os amigos, com o mundo... comigo. E eis que surge uma luz ao fundo do túnel! Uma senhora (...) que em menos de 30 minutos despertou a minha alma e a minha felicidade!! Obrigada."
"Para quê ser infeliz, enquanto a nossa vida está cheia de coisas boas?"
"Senti que devo valorizar mais as coisas e pessoas que me fazem feliz na vida."
Esta sessão foi muito boa porque me ajudou a ter esperança; ajudou-me a pensar que cada dia pode vir a correr melhor, se eu acreditar."
"As coisas que disse tocaram-nos no coração."
"Estou feliz."
"Estou feliz."
...
Também eu vim "de alma cheia". E estou sensibilizada. Obrigada, eu.
Desejo-vos muitas felicidades...
4 comentários:
O silêncio tem a sua linguagem. Há que tirar partido da energia que se destaca, para quebrar o frio.
Falar do revolucionário açoreano, do operário e do mestre da Questão Coimbra, da metafísica, sobre as questões juvenis, é corajoso. Enlaçar com as frases simples e bonitas duma menina de escola, é de Mestre.
O melhor método é sempre o que resulta. Já dizia a pedagoga.
Parabéns professora,
Zé
Manela, trouxeste-nos livros,citações, sentimentos, lições de vida e muita energia, como é próprio em ti. Melhor ponte para a "felicidade" eu não arranjaria.
Deliciámo-nos com as tuas palavras e com o teu jeito. Queremos mais!
Zé, que elogio!, obrigada!
E é mesmo assim: se consegui "dar a volta" e o método resultou, ótimo!...
Adorei a sessão; encantou-me o comentário. Honestamente.
Anabela, bem-vinda! Gostei muito de ter ido, tu sabes... Os jovens também, ainda bem! (Tu farias tão bem como... ou bem melhor do que eu, sei-o bem, mas sempre tenho o estatuto de visita, o que ajuda...)
Quanto a voltar, está prometido. Tínhamos previsto uma sessão por período e a do 3º Período (no mínimo!) está em falta ... :-)
Obrigada pela simpatia e receção. O almocinho da cantina soube que nem ginjas!...
Enviar um comentário