Os sótãos furados
é o título de uma obra infantil de Maria do Carmo Almeida, publicado pela
Verbo, na Coleção Picapau, em 1980. Apesar de uma ou de outra natural marca da
época, nomeadamente a ilustração, continua a ler-se com prazer!…
Imaginem um bairro antigo; um quarteirão de prédios com
sótãos, paredes meias uns com os outros; de repente, alguém tem a ideia de os
tentar ligar por uma pequena abertura, apesar do receio do que poderia
encontrar-se do outro lado… O resultado é uma história que alia aventura e
suspense, e fala de vivências quotidianas intemporais de crianças entre os seis
e os dez anos, dinâmicas e destemidas.
Cada sótão, tal como cada um dos seus moradores, constitui
um mundo diverso a descobrir. E um meio para aprender a conviver, democrática e
solidariamente. Não faltam reuniões e decisões; brincadeiras e leituras;
lanches e trabalho partilhado.
Nesse tempo, a sociedade portuguesa era menos cosmopolita. Dois
dos vizinhos são negros, referidos como os
pretinhos - expressão que soando mal, não deixa dúvidas quanto ao
valor carinhoso do diminutivo. Aquele grupo vai crescendo diariamente, sem
qualquer atrito ou discriminação. Todos diferentes, todos iguais, todos amigos.
Acabo de reler este livro graças ao reencontro com uma
ex-aluna, atualmente professora bibliotecária, que o ouviu ler, em tempos, nas nossas aulas de Português… Uma história de afetos. Um livro inesquecível
para ela. Uma boa escolha (mais não fosse por isso), digo eu!
(E confesso: apetece-me
abrir o meu próprio sótão, eu que
moro no último andar!)
4 comentários:
Boa tarde,
Ando há anos a procurar este livro para o dar a ler à minha filha. Infelizmente está esgotado em todas as livrarias.
Sabe como entro em contacto com a autora?
Obrigado
Também procuro este livro há anos foi lido pela minha professora de português no quinto ano e foi desde então que aprendi a gostar de ler.
Olá Rita - consegui o livro através de um alfarrabista - deixo-lhe o email: angelsformula@gmail.com. Eles mandam uma newsletter com um ficheiro com muitos livros. É ir vendo, até aparecer.
Boa sorte!
A autora era minha tia e já morreu há 19 anos. Uma artista de mão cheia, este livro é só mais um bom exemplo. Gosto de saber que ainda hoje é recordado. Atentamente, Lourenço de Almeida e Silva
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