Dirigi-me ao espaço onde ia decorrer a formação, nos Casais Brancos, em Óbidos: uma antiga escola primária que, em vez de estar ao abandono ou encarregada de funções em nada compatíveis com a sua missão inicial, é hoje uma bem apetrechada e lindíssima livraria. Melhor: uma livraria dedicada em exclusivo à literatura infantil ou com ela relacionada. Seria concebível um melhor destino?!
E com isto tudo ainda não disse que se trata de uma livraria onde, entre os 10 Direitos do Livreiro, se contam “Conhecer os seus Livros de cor”, “Informar”, “Formar”… e que se auto-denomina “uma casa ao serviço da mediação da leitura, onde moram livreiros mordidos por um bicho de conto”. Quem conhece Mafalda Milhões acredita que terá sido, sem dúvida! Esta dá vida ao projecto da livraria Histórias com Bicho.
A temática da acção de formação girava em torno dos livros, do ler, do contar, da ilustração com “as cores do A B C”… Uma acção com carácter eminentemente prático, após uma curta abordagem teórica: como a ilustração evoluiu desde o tempo da pequenina gravura a preto e branco, perdida entre letras…; mostra de magníficas ilustrações de alguns ilustradores de renome, da actualidade…; o que a cor sugere, os sentimentos que desperta…; a forma como se combinam as cores para criar determinados ambientes e acordar emoções…
Na realidade, um outro código que é imprescindível aprender a ler, ensinar a ler…
“Habituei-me a retirar do texto toda a informação, esquecendo-me até de olhar para a ilustração…” – confessei com arrependimento, eu que ali fui de livre vontade, decidida a penitenciar-me e a querer saber mais.
“A mim acontece-me ler um livro e esquecer-me de olhar para as palavras”… - sossegou-me a formadora, Danuta Wojciechowska.
E assim me pus a reflectir na equivalente importância de ambos os códigos. Na injustiça de não se considerar o ilustrador como um co-autor. Na insuficiente preparação que tive neste domínio. E quantos professores ainda hoje a terão, lamentavelmente?!
E assim me pus a reflectir na equivalente importância de ambos os códigos. Na injustiça de não se considerar o ilustrador como um co-autor. Na insuficiente preparação que tive neste domínio. E quantos professores ainda hoje a terão, lamentavelmente?!
Só sei que nada sei… Mas sinto orgulho nas modestas obras-primas que criei na componente prática da acção: uma composição cromática, a aguarela, e uma ilustração, realizada a partir de pintura a guache e découpage, que assinalam a intensa experiência vivida naquela velha escola, tornando inesquecível a minha passagem por ali.
Um local a visitar, tanto pela livraria e pelo edifício em si como também pela paisagem, com quilómetros de horizonte, incluindo uma ampla vista sobre a vila de Óbidos…
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