O caderninho vermelho foi sorteado. Calhou-me a mim.
Eram três iguais, apenas com cores diferentes; pude escolher um deles e não me decidia, por isso propus o sorteio.
- Esquerda ou direita?
Sucessivamente, elimina este, elimina aquele...
- O Vermelho!
O sorteio regozijou quem o deu. Era mesmo aquele que secretamente me destinara! (Mas como havia ainda escolha...)
Coincidências!
Lembrei-me, a propósito, daquele meu aluno que passou todo o 1º Período com falta de material escolar.
Entre as minhas prendas de Natal, uma continha algo que lhe faltava.
Com toda a habilidade de que fui então capaz, no regresso às aulas, pelos Reis, contei o que levava... e contei com a solidariedade generosa e espontânea da gente nova...
Ninguém nomeou alguém a quem dar aquele presente... nem Ninguém afirmou precisar... (Para quê? Todos sabiam!)
Afinal, concordaram em o sortear, cada qual na esperança de que a sorte lhe sorrisse.
Foi tudo feito à vista de todos, um concurso honesto e justo...
Todos com a emoção costumeira nestas ocasiões ditadas pela sorte.
Eu também, por motivos diferentes...
A sorte foi justa dessa vez, por sorte!
Nesse dia, foi assim que o acaso, num simples sorteio, ensinou àqueles meninos, melhor do que eu, o valor da solidariedade.
Coincidências!...
2 comentários:
"... o valor da solidariedade ..."
Retive esta frase porque é, naturalmente a meu ver, a que contém uma enorme dose de humanismo.
Muita gente tem muita coisa a aprender consigo, Manuela.
Bem haja.
Concordo que o essencial aqui é essa ideia de ensinar/aprender a ser-se solidário... mesmo que o grande professor seja o acaso... ;-)
Quanto ao resto, não sei se mereço o elogio...
Aprendemos ao longo da vida: com a experiência, com os erros... Eu tento... Há que estar atento!
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