o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.»
José Luis Peixoto, A criança em ruínas, Quasi, 5ª ed, 2003
(p. 13, poema integral)
3 comentários:
Emocionei-me!E emocionei-me porque eramos cinco irmãos e agora somos cinco menos dois, mas seremos sempre cinco porque "enquanto um de nós for vivo,seremos sempre cinco".E mais não consigo dizer!
Tambem me emocionei...
tambem eramos cinco menos um...
É um grande poema, daqueles que são perfeitos no que dizem, e no que não precisam de dizer. Directo, parece ser dito/ escrito num jacto, de tão avassalador.
Para quem gostou e ainda não leu, Nenhum olhar; e Cemitério de Pianos (romances) valem muito a pena.
Um beijinho...
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