Assistimos a debates televisivos, ouvimos programas de rádio. A Educação está na ordem do dia. Por maus motivos.
A opinião pública, que em estudos recentemente revelados se mostrava generosa na avaliação do papel dos professores, parece agora vacilar. Abundam subentendidas acusações; sobejam assumidas críticas; ressaltam demasiadas desconfianças e dúvidas… Do mesmo modo que somamos apoios substanciais.
Radicalizam-se posições. Urgem soluções.
O Ministério não escuta fundadas inquietações desta classe profissional e, de igual modo, mantém-se surdo a decisões recentes dos tribunais.
Permito-me perguntar: uma tão grande mobilização de professores de norte a sul do país seria esperada se a preparação deste novo processo de avaliação tivesse sido atempada e devidamente conduzida?...
A lei, publicada em Janeiro, terá saído na melhor altura? Para ser preparada agora e implementada, experimentalmente, no próximo ano lectivo, talvez! Para ser posta em prática num ano lectivo que começou em Setembro, sendo este um modelo que não foi previamente testado e que tantas implicações negativas pode vir a ter na carreira destes profissionais - como é possível concebê-lo?!
Alguém considera que a escola tem condições para, a meio do ano, a meio de um segundo período curtíssimo, planear e executar todas as alterações a documentos orientadores, tais como o Projecto Educativo de Agrupamento, o Projecto Curricular de Agrupamento, o Plano Anual de Actividades de Agrupamento, as inúmeras grelhas de avaliação de toda a espécie para avaliar toda a gente e todos os sectores da escola… e implementar tudo, no decorrer deste mesmo ano lectivo, por mais alargado e flexível que este prazo seja?... Sabendo-se do acréscimo de horas para reuniões e para trabalho prévio que todo este processo implica?... É humanamente impossível, por mais boa vontade que exista!
Não será melhor que o Ministério conceba fazer uma pausa para entender as dúvidas e as dificuldades de quem está no terreno, em vez de partir do princípio que são todos “da oposição”? Que “quem quer trabalhar, trabalha”?... Ou, simplesmente, pretender acreditar que somos um bando de incompetentes, com medo da avaliação?...
Quem fez da escola a instituição reconhecida que hoje é, senão os próprios professores?
E é fácil entender que o fizeram sem esperar a recompensa de uma boa nota, de uma progressão na carreira ou de quaisquer honras pessoais, mas apenas guiados pelo sentido de responsabilidade e pelo prazer de levar a cabo os projectos em curso. Pelos alunos! Pela escola pública!
Merecemos confiança. Merecemos ser agora compreendidos e atendidos numa pretensão tão simples quanto esta: preparemos tudo, com tempo; repensemos e ajustemos critérios de avaliação; retiremos o que é subjectivo e que não depende da nossa acção directa; experimentemos tudo, numa primeira fase; implementemos, finalmente, um modelo de avaliação justo em 2009/2010.
É a minha opinião.
Uma coisa é certa: esta situação não serve a ninguém.
Há que encontrar saídas. Urgentemente.
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