terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"A delinquência juvenil não é uma fatalidade"

Li este artigo há dias, no Portal da Educação. 
Gira em torno da publicação de um livro: Reinserção pela Arte (título apelativo).
Resultou este livro de um projeto desenvolvido em Centros Educativos de Lisboa, coordenado por Jorge Barreto Xavier, com jovens entre os 13 e os 18 anos, e nele se pretende demonstrar que a criação artística é uma ferramenta na descoberta de competências que abre portas à reinserção de jovens problemáticos.
Os jovens foram envolvidos em atividades artísticas nas áreas do teatro, música, dança, vídeo, fotografia, escrita, cinema e design de espaços. 
(Dar largas à criatividade e reforçar a auto-estima, certamente... Mais ainda, envolver-se em projetos, assumir responsabilidades, trabalhar em equipa, confrontar-se e respeitar o outro...)


Realço algumas afirmações proferidas na sessão da sua apresentação:
Vivemos numa sociedade em que nos habituámos a aceitar certas coisas: a pobreza, a criminalidade, a delinquência juvenil (...) acreditamos que todas elas hão de sempre existir, em maior ou menor grau.; É nesse sentido que a delinquência juvenil pode ser encarada como uma fatalidade. Creio que é necessário acreditar na efetiva erradicação da delinquência juvenil. É preciso trabalhar com objetivos máximos e não mínimos ou medianos. Depois, procurarmos aproximar-nos o mais possível da concretização destes objetivos, que não são para cumprir num ano nem sequer numa geração - mas se não forem estabelecidos com clareza, não podemos trabalhar em função deles.


Não faltou uma pergunta pertinente, de resposta embaraçosa: As escolas estarão preparadas para lidar com a delinquência dos jovens?...
Acrescento eu, receosa: E com o desinvestimento crescente na Arte, na Educação, etc..., deixaremos morrer projetos como este?! 
Os prejuízos não serão muito superiores às poupanças?...


Ler +: A delinquência juvenil nem sempre é uma fatalidade

sábado, 21 de janeiro de 2012

Arte... dança...

Segundo a Wikipédia, «Bolero (Boléro, no título original francês) é uma obra musical de um único movimento escrita para orquestra por Maurice Ravel. Originalmente composta para um Ballet, a obra teve sua première em 1928... (...)
A estreia deu-se em Paris, na Ópera Garnier, em 22 de Novembro de 1928 (...). Uma das dançarinas foi Ida Rubinstein, e a peça causou escândalo devido à sensualidade da coreografia.»
No inesquecível filme de Claude Lelouch, Les uns et les autres (1981), o Bolero foi dançado por Jorge Donn (este bailarino). 
Um quarto de hora de puro deleite...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Ler a Meias... viajando pelo mundo rural...

Hoje fomos ao campo. Um mundo longínquo que foi desvendado por meio de objetos e velhas histórias...
O cenário transportou-nos até uma casa modesta, com uma pequena horta, onde à refeição nunca faltava um saboroso pão e uma sopa de legumesfeita em panela de barro, sobre lume de chão... E ali se sucederam as estações do ano: veio vento e neve..., sol e seca..., de novo o frio e novamente a promissora Primavera... 
Começámos por aprender a fazer um "caldo de pedra", como o frade da história. A nossa sopa precisou de ingredientes em forma de palavras, muita imaginação... e quase lhe sentimos o cheirinho e o sabor!
Lemos em seguida o conto de Luisa Dacosta, ilustrado por Manuela Bacelar: A felicidade não é o que temos, é o que somos (do livro Lá vai uma... Lá vão duas...).
Aquela moça era pobre, mas trabalhadeira, generosa e alegre, e nunca deixava sem ajuda quem precisasse: nem um forasteiro desconhecido nem um jornaleiro sem trabalho (para mais como aquele viúvo, com filhos pequenos) nem ninguém necessitado da aldeia. Para si, pelo contrário, nada pedia... Algum dia a sua sorte teria de mudar!
Os meninos imaginaram o final: tesouros, assaltos, tragédias, milagres e magias; duelos de pretendentes, casamentos improváveis... Difícil foi descobrir o desfecho: "casou-se com o jornaleiro e foram felizes para sempre"... (Claro, são meninos do século XXI...)
Finalmente, a sessão acabou com "o poema do dia", aliás, mais do que um...: José Fanha divertiu-nos a todos com versos de Cantigas e cantigos e de Cantigas e cantigos para formigas e formigos.
Saímos todos felizes!
Até daqui a 15 dias!
PS. Querem fazer uma visita ao blogue de José Fanha, Queridas Bibliotecas? Na sua última postagem, o tema é precisamente a felicidade! Clica aqui. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Uns acordes, duas vozes...

Fado, destino... não aceito.
Fado, tristeza... não me diz respeito.
Fado, canção, património da Humanidade... Fico feliz. 
Parabéns, Lisboa! 
Parabéns, Coimbra!
E eu, gosto?!
Aprecio os trinados de guitarras e violas. Admiro vozes de fadistas. 
E contudo há algo que, no conjunto, não me atrai. Talvez o tom choramingas..., talvez a mensagem de letras conformadas... 
Escandalizo? Eu sei. (Não o faço por gosto; pelo contrário.)
Há, por outro lado, fados-canções que, não raras vezes, fazem elevar coros de vozes desaprovadoras. Estranhamente, muitas vezes discordo...
Não será o caso desta canção que certamente nem pretende ser fado. Mas tem Lisboa como cenário inspirador... serve-se dos seus instrumentos musicais... e de uma voz... que voz! E eu gosto. Certamente também pelo diálogo, harmonia e cumplicidade entre os cantores.
Perdoa-me!...


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Antologia: A gripe e os homens

Este é um poema bem humorado de António Lobo Antunes, extraído de Letrinhas e Cantigas.
Para quê copiá-lo se ele está mesmo aqui, prontinho a ser lido?
Basta clicar...

Fantasiando com Palavras e Imagens: A Gripe e os Homens - António Lobo Antunes: Pachos na testa, terço na mão, Uma botija, chá de limão, Zaragatoas, vinho com mel, Três aspirinas, creme na pele Grito de medo, chamo a mul...

sábado, 14 de janeiro de 2012

"A meias" com turmas de 8º ano...


Foi quase "casualmente" que esta 5ª feira fui promover leitura a Arrentela, a duas turmas de 8º ano, em aulas de Educação Cívica da minha colega e amiga Anabela. A ideia surgiu quando, há uns meses atrás, nos encontrámos para pôr a conversa em dia... A atividade ficou combinada  desde então, já com temáticas definidas... E entretanto pude imaginar vários percursos possíveis, apresentar-lhos... e beneficiar da sua ajuda para me decidir... Que bom!
Chegou finalmente o dia. Duas turmas diferentes na postura. No 8ºA, houve momentos de religioso silêncio e muita participação; houve também interrupções de quem parecia querer dominar a conversa. Fui integrando o que diziam, por vezes mudando o rumo às ideias, despendendo esforço suplementar, até conseguir a sua compreensão e acalmia... No 8ºC, a escuta era tão atenta que só se ouvia a minha voz. Aparentemente, uma turma perfeita... e eu sentindo-me como ator cómico diante de público sisudo, segura graças ao feedback da turma anterior... (Quem diria?!...) Tudo normalizou à medida que se foram sentindo mais à vontade. Devo acrescentar que resultou muito bem o trabalho em ambas as turmas! 
Concluo que a disposição da sala deve ter tido a sua influência: é diferente participar numa mesa redonda ou estar num anfiteatro. Afinal, tudo "pesa". Até sobre mim.

Quanto às duas sessões, giraram em torno dos mesmos tema e leituras:
A árvore vermelha, de Shaun Tan, e os típicos sentimentos da adolescência...
O palácio da Ventura, de Antero de Quental, e o profundo desânimo de quem não encontra a Felicidade...
A minha lista de prazeres, um texto da minha ex-aluna de 8º ano, Joana Alves (que conservei... ainda bem!), e a chamada de atenção para uma profusão de pequenas coisas em que normalmente nem reparamos e que são tão importantes, no nosso dia-a-dia!... 
Uma frase de Paulo Henriques, de 18 anos, inserida na revista Montepio Jovem (Outubro/2011): "Não vejas a vida como um medo, mas sim como a tua maior conquista"... Assim se focou a necessidade de termos um projeto de vida e nos orientarmos para alcançar o que queremos... 
Sinto que a mensagem foi apreendida...  
Simultaneamente, a promoção da leitura fez-se: houve quem fizesse questão de anotar o título da obra de Antero, os Sonetos; quem tivesse a curiosidade de folhear as páginas daquele livro antigo, abertas com cerra-livros... Descobriu-se a estrutura de um soneto. Constataram que um livro aparentemente maçudo pode ser de leitura interessante e que um álbum ilustrado não é necessariamente um livro infantil...
À despedida, deixaram-me simpaticamente uma "frase" anónima, como lhes pedi. Não resisto a citar algumas, mesmo sendo muito difícil a escolha: "Sinceramente? Hoje não tive um dia muito bom, não sei o que tinha, estava triste, se calhar com os amigos, com o mundo... comigo. E eis que surge uma luz ao fundo do túnel! Uma senhora (...) que em menos de 30 minutos despertou a minha alma e a minha felicidade!! Obrigada."
"(...) Adorei este tempo em que estivemos a ouvir «conselhos» de vida. Talvez dê para mudar a opinião de muitos e quem sabe facilitar a vida também!" 
"Para quê ser infeliz, enquanto a nossa vida está cheia de coisas boas?"
"Senti que devo valorizar mais as coisas e pessoas que me fazem feliz na vida."
Esta sessão foi muito boa porque me ajudou a ter esperança; ajudou-me a pensar que cada dia pode vir a correr melhor, se eu acreditar."
"As coisas que disse tocaram-nos no coração."
"Estou feliz."
...
Também eu vim "de alma cheia". E estou sensibilizada. Obrigada, eu.
Desejo-vos muitas felicidades...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

"A meias", com um 1º ano...

Começo por referir que a minha atividade de Mediadora de Leitura voluntária, apesar de ter já abarcado desde meninos do Pré-Escolar a adultos, tem sido sobretudo dirigida a "maiores de 8", com quem me sinto mais confortável na partilha de livros e leituras, em virtude da minha longa experiência profissional, toda ela com alunos de 2º e 3º Ciclos.
Acontece que aceitei de bom grado um convite para ir esta semana a um 1º ano. 
A preparação, sabia eu, seria lenta e indecisa...
Que história(s)? Contos tradicionais recontados por António Torrado, Alice Vieira?... A persistência de Amélia quer um cão... ou de Jaime e as bolotas...? Uma versão masculina do Capuchinho Vermelho: Pela floresta, de Anthony Browne?... Ou antes poesias brincalhonas? Voltas e mais voltas à cabeça e às estantes da casa...
Na antevéspera, num escaparate, dou de caras com uns livrinhos de uma autora que eu desconhecia, Lara Xavier, ilustrados por Sofia Bártolo. Li logo ali. Novas possibilidades se abriam. A apresentação de Marta  (uma menina que gostava de ganchinhos e meias altas...) e do seu amigo Vasco (que com fértil imaginação se defendeu de um assustador dragão...) bem como a inclusão de uma lista de palavras relacionadas com a história, no final de cada livro, despertaram-me ideias!
Claro que não me esqueci que eles ainda pouco sabem ler (uma vez bastou-me!...).
Estava (quase) decidido!
Quando cheguei à biblioteca, esperavam-me 26 meninos, aconchegados na área de um tapete, como um novelo colorido e macio, carente de mimo... Nos rostos desdentados, estampava-se a curiosidade...
Lemos a meias (com entusiasmo!) algumas palavras, ouviram ler, conversámos pelo meio, recontaram as histórias ouvidas, à medida que íamos relendo as palavras da lista e iam revendo as ilustrações... 
Também eles fizeram por fim a sua apresentação, referindo o que apreciam: gostam de jogar, de brincar com o pai, com os irmãos, com o cão..., de andar de bicicleta, praticar desporto..., etc, etc... Uma menina finalizou com chave de ouro: "Gosto de flores".
Saímos exultantes (todos)... 
E eu tive finalmente a certeza que a sessão não poderia ter sido diferente! ;-)
Bibliografia: XAVIER, Lara, Eu sou a Marta, Book.It
XAVIER, Lara, Marta e o aparelho do VascoBook.It




quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Por esses quintais adentro fomos...



Das janeiras, eu só conhecia a teoria, pouco mais. 
Uma amiga organizou, pelo prazer de "contagiar a alegria de cantar"... Juntaram-se músicos e folgazões... 
Fez-se um ensaio... 
Antes de se partir à aventura, não se dispensou lanche, pois da esmola dos caminhos nada se esperava... (e bem.) 
Agasalhos suplementares, instrumentos afinados, vozes aquecidas, ousadia de grupo, determinação... e então sim, seguiu-se o percurso traçado, por ruas e pátios adentro, com a segurança de quem se acautelara e apalavrara anfitriões...
Memoráveis o som da gaita de foles (a anunciar o rancho que se aproximava), o toque das violas, acordeão, ferrinhos e pulseira de guizos..., as vozes decididas e indecisas, a alegria de miúdos e graúdos, os braços abertos de quem nos acolheu, a curiosidade da vizinhança..., o prazer de reviver a tradição.
De porta em porta, o grupo foi engrossando de convivas e cantadores até ao regresso à "casa-abrigo".
Noite de Lua Cheia... (E as surpresas não tinham acabado.)
Antes da ceia (e enfim, da despedida...), ainda se recriou uma queimada galega. Inesquecível!
Conjuraram-se os 4 elementos, uniram-se Sol e Lua, esconjurou-se a má sorte, convocou-se a Ventura... 
Sorveu-se a saborosa bebida...
Um bom ano se seguirá, certamente... por magia!
(Assim seja!) 






(Há amigos a não esquecer: a Carmen. O Carlos. A Felicidade. O Capela. A Maria João. A Ângela. A Ana Paula e seu "menino". A Lara e o Gonçalito. A Anabela. O Gonçalo e a Isabel. O pai da Carmen. A D. Angelina, à distância de um fio telefónico... Todos os colegas e amigos. "E perdoem as pessoas que ficaram esquecidas...")

Lendo a meias, pelas janeiras...


 Véspera de Reis. A tradição das janeiras veio à baila (que é como quem diz: foi evocada e recriada, na biblioteca). Uma explicação, uma cantiga tradicional, um dono de casa improvisado - generoso ou não, conforme quisesse... - e logo o resto do grupo "disparava" a respetiva quadra de louvor ou de chacota... 


O conto do dia foi escrito por Maria Isabel de Mendonça Soares: A sorte grande e as sortes pequeninasEste constituiu o ponto de partida para todos pensarem nas pequeninas coisas que nos tornam felizes... (Um breve momento de escrita, a pares, num papelito bem pequenito...)
Afinal há muitas coisinhas importantes na vida dos meninos: um abraço, um beijinho, uma carícia..., a amizade...; gotas de águacomida, doces e pipocas...; estudar, ser bom aluno...; jogarver TV, ter um boneco, uns cêntimos...
Descobrimos que as "sortes pequeninas" de uns são, para outros, "sorte grande": vida, paz, saúde, amor, felicidade... (Que sorte!)
No 4º ano da professora Isaura, não houve tempo para mais...
Na turma da professora Lídia, a sessão terminou com poesia... Dia em cheio!


domingo, 1 de janeiro de 2012

Ano Novo...

Ano Novo, vida nova - dizem. Mas talvez não seja bem assim e nada mude na nossa vida: nem trabalho, nem casa, nem tão pouco o estilo de vida... (Bom sinal!)
Na realidade, cada ano apresenta-se sempre envolto em incertezas, revestido de esperança, resoluto e cheio de boas intenções. É, de facto, um tempo ideal para balanço, reflexão, para empreender projetos e reformular decisões. 
2012 acaba de chegar carregando ameaças e muito mais receios do que seria desejável e tem sido habitual... Ou seja, vai exigir de nós ainda mais energia para persistir, enfrentar desafios, resistir à adversidade, perseguir e prosseguir sonhos... 
Provavelmente o nosso ano começou esta noite em festa, menos ou mais modesta, segundo a nossa possibilidade e opção consciente; segundo a oferta da nossa cidade e a disponibilidade de amigos. 
Está dado o mote: ao longo do ano, vamos recriar o tom festivo do seu "acordar" (do réveillon, como dizem os franceses) e tentar viver o dia a dia sem ar carrancudo, buscando realização pessoal e felicidade.
Bom Ano!


Fotos: Cacilhas, 1/janeiro/2012