quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Poesia em animação...


José Saramago escreveu, em 2001, o seu único conto infantil...
...que, cinco anos mais tarde, foi transformado numa premiada curta metragem de animação, por Juan Pablo Etcheverry.
Palavras e imagens fundidas numa estética profundamente poética...
A não perder:

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Parabéns, Mafalda!


«Mafalda, a personagem de BD que o argentino Quino idealizou para um anúncio a electrodomésticos, celebra hoje 45 anos no papel de uma das mais improváveis e divertidas comentadoras políticas da actualidade.
De traços simples, cabelo negro farto e muito opinativa, Mafalda surgiu pela primeira vez a 29 de Setembro de 1964 nas páginas do semanário argentino "Primera Plana". Quino, então com 32 anos, nunca adivinharia o sucesso daquelas tiras humorísticas, que se prolongaram por nove anos. (...) À primeira vista, Mafalda podia ser uma menina de seis anos, reguila, desafiadora e descarada, mas depressa se percebeu que da sua boca, dos balões que Quino preenchia, saíam comentários mordazes e pertinentes sobre a ordem do mundo, a luta de classes, o capitalismo e o comunismo, mas também, de forma mais subtil, sobre a situação política e social argentina. (...) A par da atitude de adulto mas com o desarmante discurso de uma criança, Mafalda tinha essa mesma condição de menina, que detestava sopa, adorava os Beatles, não compreendia a guerra no Vietname e tinha monólogos preocupados em frente a um globo terrestre. » In: http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/538454
«No passado dia 30 de Agosto, um discreto senhor de 77 anos sentou-se num banco da Rua do Chile, 73, em Buenos Aires, ao lado da estátua de uma menina em tamanho natural (...)
O senhor de idade era o desenhador Quino, e a menina da estátua, Mafalda, a sua grande criação, que hoje faz 45 anos. E, no edifício junto ao qual a estátua foi inaugurada, viveu Quino (aliás, Joaquín Salvador Lavado) durante a sua infância. (...) Em 1973, e em plena crista da onda de popularidade, Quino decidiu parar de desenhar Mafalda, para evitar cair na repetição e na rotina, e para se dedicar ao desenho de humor e à caricatura. (...) Mafalda continua viva como nunca, e os seus álbuns a esgotar edições. E agora, aos 45 anos, até já tem uma estátua ao pé do prédio onde viveu o "pai" Quino quando era miúdo como ela.» http://dn.sapo.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1375374

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Um novo ano...







O Outono vem chegando de mansinho.
Empalidece o sol, soltam-se as folhas douradas embaladas pelo vento..., as folhas dos livros e cadernos novos sussurram pedidos de atenção...
É um novo ano lectivo que começa.

Tempo de aprender.
Numa escola para todos, sem olhar a sexo, origem social, país natal...
Universal e obrigatória.
Uma conquista do nosso tempo.
Uma aposta vital.



Quase esquecemos que nem sempre assim foi!

A velhinha escola António José Gomes, da Cova da Piedade,

de 1911, hoje transformada em museu, destinava-se exclusivamente ao sexo masculino. Haveria outra para o sexo feminino, pensarão. É verdade, mas não com esta dignidade, acanhada no 1º andar de um prédio... e destinada apenas àquelas cujos pais consideravam que valia a pena "pôr a estudar". 
Ainda assim, aí estudavam muitas meninas, da 1ª à 4ª "classes", entregues à atenção constante de uma única professora, Conceição Sameiro Antunes, sem dúvida uma das precursoras heróicas da aplicação do método de ensino diferenciado...
Ter estudado abriu-lhes as portas do futuro. Reconhecemo-lo hoje, com naturalidade. Assim se foram esbatendo as diferenças de género; assim se tem construído a igualdade.


Hoje em dia, acreditamos que cada professor lecciona um único ano de escolaridade... Ilusão! Cada turma tem alunos mais e menos adiantados, mais e menos motivados, alunos estrangeiros, alguns com necessidades educativas especiais... Subgrupos muito diversos, condições adversas. Exigindo uma resposta construída de dedicação, criatividade, empenhamento... Muito esforço. Nem sempre valorizado. Nem sempre bem sucedido.

Às famílias compete um papel diferente, igualmente exigente: conciliar o seu horário profissional (mais o tempo de deslocação) com os toques de campainha das crianças, com a necessária disponibilidade para cuidar delas e as apoiar... Tarefa hercúlea. Que vale o esforço!

Afinal, é na criança que reside a chave do sucesso de aprender.
Não basta ensinar!...
O estudante precisa de reconhecer a importância do saber, dar valor ao trabalho, sentir confiança e auto-estima. Por fim, tudo será (mais) fácil...

O insucesso terá um único culpado?
A resposta chega em tom de humor (surripiado ao blogue "A malta do Montijo" http://amaltadomontijo.blogspot.com/ ):



Recorrendo à gíria escolar, é tempo de desejar - aos jovens, seus pais, professores e demais trabalhadores das escolas - um bem sucedido e FELIZ ANO NOVO!... 

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Verdade e mentira da fotografia... (Citação)


«(...) Dizem que as fotografias não mentem, mas essa é a maior mentira que já ouvi.
E foi assim, abrindo a gaveta à procura de qualquer coisa, que, sem aviso, me escorregou para as mãos uma fotografia tua tirada durante aqueles quatro dias. Fiquei a olhar-te longamente, longa, longa, longamente. Longamente me fui dando conta de que tudo aquilo acontecera mesmo: eu não o sonhara, durante vinte anos.
Nisso, quando guardam para sempre um instante que nunca se repetirá, as fotografias não mentem - esse instante existiu mesmo. Porém, a mentira consiste em pensar que esse instante é eterno, que dois amantes felizes e abraçados numa fotografia ficaram para sempre felizes e abraçados.
É por isso que não gosto de olhar para fotografias antigas: se alguma coisa elas reflectem, não é a felicidade, mas sim a traição - quando mais não seja a traição do tempo, a traição daquele mesmo instante em que ali ficámos aprisionados no tempo. Suspensos e felizes, como se a felicidade se pudesse suspender carregando no botão "pause" no filme da vida. (...)»

Miguel Sousa Tavares, No teu deserto, Oficina do Livro, 2009

domingo, 13 de setembro de 2009

Leituras de Verão...


Impõe-se um comentário aos livros lidos. E não basta dizer "Gostei" ou, menos ainda, "É bonito" ou coisa do género. Já no Liceu, há muitos, muitos anos, aprendi que não, isso nunca!...
Acontece que não estou a fazer nenhum trabalho escolar e muito menos uma crítica para um qualquer meio de comunicação social... Não se trata de trabalho! Sorte a minha!...

O que irei referir em torno do tema que livremente escolhi é decisão pessoal. Despretensiosa, como sempre. Simples apontamentos.

Questiono-me sobre a intenção com que falo das minhas leituras de Verão: quatro livros que saltaram um tanto ao acaso de entre pesadas pilhas em fila de espera, vendo consumado o paciente e mudo desejo de que chegasse a sua vez. Casualmente, escolhi dois autores portugueses, dois estrangeiros, todos contemporâneos, vivos.

Antes do mais, este meu acto de escrita constitui um momento de síntese sobre as cerca de mil páginas lidas. Não nego igualmente a intenção de, eventualmente, por este meio, colaborar na respectiva divulgação...
Não será essa, afinal, a vocação de um blogue?




A gaiola de ouro, de Shirin Ebadi, explica-nos a História recente do Irão. As Travessuras da menina má, de Mario Vargas Llosa, fala-nos da História recente do Peru.
Se dantes talvez adormecêssemos ao ler os manuais de História, agora temos a oportunidade de saber mais, sem esforço e com prazer...

Ambos os romances tecem uma história que nos prende a atenção e nos ajuda a compreender a política do mundo em que vivemos, enquanto as personagens destes dois romances se movem por entre a ficção, bem assentes na realidade da nossa época, na sua terra.

Mario Vargas Llosa apimenta a narrativa em torno das relações de uma "menina má" e de um "menino bom", deixando o leitor sempre em suspenso, tentando descortinar o surpreendente desfecho daquela inexplicável história de amor... tão particular quanto qualquer outra.

Shirin Ebadi, advogada e activista dos direitos humanos, Nobel da Paz em 2003, adopta uma atitude de denúncia: centra a sua história numa família, cada um dos irmãos seguindo um ideal de vida e um percurso diferente, cada qual preso em seu beco sem saída... como o seu país natal.

Nos romances nacionais, a História não é tema de eleição. Naturalmente.

Manuel Córrego (pseudónimo literário de Manuel Pereira da Costa) é advogado ligado às Letras, por diversas vezes galardoado. O seu livro Vento de Pedra foi distinguido com o prémio literário Ordem de Advogados, 2008.
A ênfase deste seu romance é dada à condição humana, com destaque para a condição feminina, em gerações sucessivas de um passado recente, no norte do país. Muitas histórias se entrelaçam no seu fio condutor. As peripécias sucedem-se e os valores questionados não nos deixam sentir indiferentes. Uma narrativa densa e bem escrita conduzida por narradores que alternam sem aviso, o que nos espicaça a atenção e a curiosidade, até ao inevitável final.

Em No teu deserto, Miguel Sousa Tavares evoca memórias, mais ou menos romanceadas. Relata uma viagem pelo deserto, em que "ele" segue com duas máquinas fotográficas e outra de filmar, em riste, decidido a respeitar o compromisso de fazer reportagens para periódicos e televisão, tendo por companhia, meio acidental, uma jovem com quem con-viveu intensamente um «quase romance».
Surpreendentemente, o desenlace é desvendado logo de início, mas a expectativa não decresce pois as circunstâncias e motivos conservam o seu segredo e a curiosidade acelera, pelo contrário, o ritmo de leitura, na esperança de descobrirmos rapidamente o que falta saber (tanto mais que o livro é curto... e se lê bem...)

Quatro livros, quatro convites à leitura:
  • Córrego, Manuel, Vento de Pedra, Sopa de Letras, 2008
  • Ebadi, Shirin, A gaiola de ouro, A Esfera dos Livros, 2009
  • Llosa, Mario Vargas, Travessuras da menina má, Dom Quixote, 2006
  • Tavares, Miguel Sousa, No teu deserto, Oficina do Livro, 2009
Pessoalmente, não saberei aconselhar qual deles não perder... nem por qual começar...
A cada um, a sua livre opção. Fruto do acaso ou da vontade.